terça-feira, dezembro 23, 2014
segunda-feira, dezembro 22, 2014
Todas as páginas e todos os livros.
Às vezes vem à superfície a sensação de que todos os capítulos das vidas de todas as pessoas já foram encerrados há muito e ninguém se apercebeu.
Todas as páginas completas por histórias que se repetem ao longo dos tempos.
Todas as páginas completas por histórias que se repetem ao longo dos tempos.
domingo, novembro 23, 2014
sexta-feira, novembro 21, 2014
domingo, novembro 16, 2014
Uma parda miragem no final
Saboreio a melancolia da tua voz, gota a gota como a primeira chuva outonal que desliza sobre as folhas que ainda amarelecerão mais e cairão ao chão. Sabes-me ao passado que é tudo o que existe e que perdura sempre.
Abraço-te agora com um fim de tarde que anoitece cedo e sei que nunca foste propriedade minha e que eu nunca quis ter-te. Possuir-te sim, foi possível enquanto me dizias amar para sempre, mas hoje já não, hoje estás nos braços de outra pessoa e mais outra e mais outra... "à terceira é de vez?". Nunca é. Nunca nada é. Porque a imaginação nos leva sempre mais longe e vivemos a cada dia com aspirações que só são magnéticas quando estão ao alcance da mão.
Falas-me sobre ditos de sabedoria popular, sobre a vida que é uma viagem e tudo o que já ouvi tantas vezes... palavras cansadas do mundo inteiro, ou sou só eu que com o passar dos anos deixei esses sonhos de meninice de viajar pelo mundo, também à semelhança dos de salvar o mundo, e tudo por me ter apercebido que nada disso vale a pena, nada na viagem vale a pena se não estivermos bem connosco mesmos. Podemos viajar quilómetros e na bagagem levaremos os mesmos fantasmas que insistirão em aflorar quando menos esperarmos. E depois vi isso nos outros, tantos que partiram pelo mundo e meio repartidos como já eram, mas que nunca ficaram completos.
De que serve o mundo inteiro e mais algum pedaço do universo, se tudo o que precisamos está dentro de nós? O amor íntegro e maior, a paz que ele alcança e emana. Quase ninguém sabe o que isso é, embora nestes tempos até já haja universidades muito especiais que o leccionam. Sim, a viagem é o que importa, mas não a externa, pois a viagem mais enriquecedora está sempre dentro de nós.
segunda-feira, outubro 27, 2014
O princípio para uma cura
O princípio é simples e lógico, e a quem lê isto provavelmente fará todo o sentido:
- mais de 80% ou que é da nossa imunidade está no intestino, ora se temos uma doença auto-imune é porque principalmente o intestino está em degeneração e temos de o curar tornando o organismo alcalino e regenerando o intestino.
Os rins estão também muito envolvidos por exemplo na tormenta da Fibromialgia, pois são o filtro onde estão todas as toxinas acumuladas e retidas.
Alcalinizar e desintoxicar e regenerar se for apenas com nutrição (removendo alimentos que causam alergias e intolerância, e de difícil digestão) e depois uma boa dose de vit. C e consegue-se grandes melhorias.
sexta-feira, outubro 17, 2014
A idade que nunca tive
Não quero acreditar que cada um tem a idade do seu coração, ou mesmo da sua mente.
Mas em muitos casos sei que é assim.
Não, a idade não está escrita no corpo como se fossem as medidas de um produto que podemos comprar. Não são as linhas de expressão e as rugas mais vincadas que ditam há quanto tempo estamos vivos.
Quero acreditar que não tens idade, que és para sempre, eterno enquanto dures.
Mas em muitos casos sei que é assim.
Não, a idade não está escrita no corpo como se fossem as medidas de um produto que podemos comprar. Não são as linhas de expressão e as rugas mais vincadas que ditam há quanto tempo estamos vivos.
Quero acreditar que não tens idade, que és para sempre, eterno enquanto dures.
sexta-feira, outubro 03, 2014
"A vida é um moinho que tritura os sonhos, mesquinho..."
às vezes torna-se tudo uma amálgama
e nessas vezes a confusão torna-se em explosão
porque a mente não aguenta tanta contradição:
é a liberdade que é boa ou a prisão que se quer;
é a independência que ressoa ou ser apenas mulher?
dizem: "Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar"
um dia a certeza é mais certeira que todas as outras,
outro dia é outra que é mais certa
e mesmo assim nem uma nem outra poderão ser a mais acertada.
e nessas vezes a confusão torna-se em explosão
porque a mente não aguenta tanta contradição:
é a liberdade que é boa ou a prisão que se quer;
é a independência que ressoa ou ser apenas mulher?
dizem: "Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar"
um dia a certeza é mais certeira que todas as outras,
outro dia é outra que é mais certa
e mesmo assim nem uma nem outra poderão ser a mais acertada.
quarta-feira, setembro 17, 2014
quinta-feira, agosto 14, 2014
Da Depressão
Dizem que para nos mantermos vivos é preciso estar sempre com uma ocupação, estabelecer objectivos e ter algo a que aspirar (sonhar).
Ao sermos humanos temos consciência da própria morte e embora a maioria não a tenha sempre presente existem muitas vezes em que somos lembrados da sua inevitabilidade. Existem, porém, outras pessoas (menos) que têm sempre noção da morte, ou porque a sentem em si mesmos, ou porque vêem-na no dia-a-dia, ou porque pensam em morrer, ou apenas porque têm sempre presente que ela vai chegar a qualquer momento.
Nestas sociedades modernas, são poucas as pessoas que almejam solidão. Todos têm sede de contacto e uma maioria destes, hoje, consegue-o através das tecnologias de comunicação, criando múltiplas relações virtuais, mas que as fazem sentirem-se mais e mais isolados. É para isso que caminhamos há algum tempo: o isolamento e consequente depressão.
Pensar que as profissões do futuro estarão mormente ligadas a isto é uma possibilidade: haverá mais necessidade de apoio psicológico e psiquiátrico, e de nutricionistas focados para uma alimentação "mais feliz" e afins, tal como um boom dessa espécie estranha que são os designados "life coachs".
No tempo de Kurt Cobain não se sabia a depressão como doença, não se sabia que ela existia por causa, entre outros, das alterações/desequilíbrios químicos decorrentes no organismo e que é uma doença tratável e mesmo curável.
Agora que Robin Williams - actor e comediante excelso - faleceu por causa dos seus problemas de lidar com uma depressão e desequilíbrios químicos no organismo há mais de 30 anos, pode ser que as pessoas entendam que a depressão é de facto uma doença como tantas outras, com consequências não só mentais mas físicas. Pode ser que as pessoas percebam que mesmo o melhor dos humoristas, as pessoas mais alegres e animadas, têm crises profundas de depressão, não porque querem e "é da cabeça delas", mas apenas por causa de processos que ocorrem a nível interno quimicamente que não conseguem controlar, à semelhança de uma constipação ou outra doença qualquer.
Penso que Robin Williams ficaria extremamente contente por saber que a sua morte contribuiu para que as pessoas finalmente tivessem noção e acordassem para esta epidemia moderna, silenciosa, que qualquer um pode ter a dada altura na vida, que é a depressão.
Ao sermos humanos temos consciência da própria morte e embora a maioria não a tenha sempre presente existem muitas vezes em que somos lembrados da sua inevitabilidade. Existem, porém, outras pessoas (menos) que têm sempre noção da morte, ou porque a sentem em si mesmos, ou porque vêem-na no dia-a-dia, ou porque pensam em morrer, ou apenas porque têm sempre presente que ela vai chegar a qualquer momento.
Nestas sociedades modernas, são poucas as pessoas que almejam solidão. Todos têm sede de contacto e uma maioria destes, hoje, consegue-o através das tecnologias de comunicação, criando múltiplas relações virtuais, mas que as fazem sentirem-se mais e mais isolados. É para isso que caminhamos há algum tempo: o isolamento e consequente depressão.
Pensar que as profissões do futuro estarão mormente ligadas a isto é uma possibilidade: haverá mais necessidade de apoio psicológico e psiquiátrico, e de nutricionistas focados para uma alimentação "mais feliz" e afins, tal como um boom dessa espécie estranha que são os designados "life coachs".
No tempo de Kurt Cobain não se sabia a depressão como doença, não se sabia que ela existia por causa, entre outros, das alterações/desequilíbrios químicos decorrentes no organismo e que é uma doença tratável e mesmo curável.
Agora que Robin Williams - actor e comediante excelso - faleceu por causa dos seus problemas de lidar com uma depressão e desequilíbrios químicos no organismo há mais de 30 anos, pode ser que as pessoas entendam que a depressão é de facto uma doença como tantas outras, com consequências não só mentais mas físicas. Pode ser que as pessoas percebam que mesmo o melhor dos humoristas, as pessoas mais alegres e animadas, têm crises profundas de depressão, não porque querem e "é da cabeça delas", mas apenas por causa de processos que ocorrem a nível interno quimicamente que não conseguem controlar, à semelhança de uma constipação ou outra doença qualquer.
Penso que Robin Williams ficaria extremamente contente por saber que a sua morte contribuiu para que as pessoas finalmente tivessem noção e acordassem para esta epidemia moderna, silenciosa, que qualquer um pode ter a dada altura na vida, que é a depressão.
terça-feira, agosto 12, 2014
quinta-feira, julho 24, 2014
Golpes desta guerra de vida
Golpes e mais golpes,
golpeado pela vida inteira
uma e outra vez, sem descanso...
Primeiramente, ainda no ventre,
o terramoto da queda e tudo sangue
e tudo negro e a seguir
foi o punhal que rasgou o ventre
e eu de um roxeado mas vivo.
Depois, ainda na pré-adolescência,
aperceber-me pela primeira vez
do quanto tudo é horrível e vão
e todos os golpes que sofrera na pele,
só até então, tal como tudo,
derradeiramente não fazerem qualquer sentido.
Posteriormente a terrível consumação de tudo ser muito tudo.
Os golpes que nos ferem como bicadas de abutres
e outros necrófagos..., morrer e continuar a ser golpeado.
Vivendo como irmãos de Sísifo e Prometeu,
com facas a rasgarem a veias dos braços
e a apunhalarem-nos o corpo repetidamente
nos sítios em que as feridas nunca chegam a fechar completamente,
onde já foi arrancado o órgão e continua o seu fantasma.
Os rostos dos agressores fundem-se e toda a dor é una
e toda a dilaceração jorra sangue ininterruptamente.
É o bebé que morreu mas continuou vivo,
é a criança que foi violada mas enquanto cresce sorri,
é o adulto que sempre foi órfão e sempre será,
é o idoso que nunca importa e nunca importará:
milhares de vidas e mundos sempre destruídos,
golpe atrás de golpe com pequenas pausas
para regenerar apenas o suficiente para haver de novo terreno para bombardear.
golpeado pela vida inteira
uma e outra vez, sem descanso...
Primeiramente, ainda no ventre,
o terramoto da queda e tudo sangue
e tudo negro e a seguir
foi o punhal que rasgou o ventre
e eu de um roxeado mas vivo.
Depois, ainda na pré-adolescência,
aperceber-me pela primeira vez
do quanto tudo é horrível e vão
e todos os golpes que sofrera na pele,
só até então, tal como tudo,
derradeiramente não fazerem qualquer sentido.
Posteriormente a terrível consumação de tudo ser muito tudo.
Os golpes que nos ferem como bicadas de abutres
e outros necrófagos..., morrer e continuar a ser golpeado.
Vivendo como irmãos de Sísifo e Prometeu,
com facas a rasgarem a veias dos braços
e a apunhalarem-nos o corpo repetidamente
nos sítios em que as feridas nunca chegam a fechar completamente,
onde já foi arrancado o órgão e continua o seu fantasma.
Os rostos dos agressores fundem-se e toda a dor é una
e toda a dilaceração jorra sangue ininterruptamente.
É o bebé que morreu mas continuou vivo,
é a criança que foi violada mas enquanto cresce sorri,
é o adulto que sempre foi órfão e sempre será,
é o idoso que nunca importa e nunca importará:
milhares de vidas e mundos sempre destruídos,
golpe atrás de golpe com pequenas pausas
para regenerar apenas o suficiente para haver de novo terreno para bombardear.
quarta-feira, julho 16, 2014
O Tempo é um desperdício de vida.
O Tempo é um desperdício de vida. Já que a Vida em si não vale nada. Todos os dias morrem crianças. Todos os dias são torturadas pessoas. Todos os dias há pessoas a serem escravizadas. Todos os dias existem os gritos de dor silenciados de tantas e tantas pessoas. Todos os dias assistimos, incapazes de fazer o que seja, às injustiças grotescas que causam tanto sofrimento a tanta gente.
O Universo criou muito mais beldade do que nós. Nós, sendo conscientes e poderosos com a nossa capacidade de decisão, apenas criámos mais fealdade do que beleza neste mundo que habitamos e destruímos impunemente. E em todos os espaços que estivéssemos havíamos de proceder à mesma destruição, porque somos demasiado imperfeitos, demasiado poluídos ou apenas com uma evolução demasiado atrofiada.
O Universo criou muito mais beldade do que nós. Nós, sendo conscientes e poderosos com a nossa capacidade de decisão, apenas criámos mais fealdade do que beleza neste mundo que habitamos e destruímos impunemente. E em todos os espaços que estivéssemos havíamos de proceder à mesma destruição, porque somos demasiado imperfeitos, demasiado poluídos ou apenas com uma evolução demasiado atrofiada.
sexta-feira, julho 11, 2014
sexta-feira, junho 27, 2014
Não sei se é longa a viagem, pois tudo se torna relativo quando comparado
e nada parece existir por si só, mas sinto com certeza
que tenho mais chão nos ombros do que debaixo dos pés
e que carrego mais poeira nos olhos do que nos ombros.
E nas minhas mãos tantas silhuetas, e nas suas palmas tantas cinzas de tantos corpos...
A vida é um sopro, perene, e todavia tem a intensidade do que arde
e se esfumaça, deixando às vezes microscópicas partículas para trás.
Custou a entender e talvez não tenha agarrado todo o significado
do que vi e vivi agora em poucos minutos que duraram muito mais do que isso
- perceber que o amor é apenas um sonho cinematográfico, mas de facto o mais doce a se ter.
e nada parece existir por si só, mas sinto com certeza
que tenho mais chão nos ombros do que debaixo dos pés
e que carrego mais poeira nos olhos do que nos ombros.
E nas minhas mãos tantas silhuetas, e nas suas palmas tantas cinzas de tantos corpos...
A vida é um sopro, perene, e todavia tem a intensidade do que arde
e se esfumaça, deixando às vezes microscópicas partículas para trás.
Custou a entender e talvez não tenha agarrado todo o significado
do que vi e vivi agora em poucos minutos que duraram muito mais do que isso
- perceber que o amor é apenas um sonho cinematográfico, mas de facto o mais doce a se ter.
sexta-feira, junho 13, 2014
Do apocalipse da humanização
É deplorável...
Pensar que agora as pessoas têm de competir com objectos e afins (smartphones, jogos, redes sociais, etc.) só para ter a atenção das pessoas. Não se passa de bestas zombificadas. Depois têm a lata de dizerem que estão muito ocupadas, quando precisamente dispondo de telemóvel bastam menos de 15 segundos para dar um toque, dar sinal de vida, a outra pessoa.
Há 15 anos atrás a maioria das pessoas não tinha telemóvel e eram todas mais humanas que isso nas suas (então verdadeiras) relações interpessoais.
Pensar que agora as pessoas têm de competir com objectos e afins (smartphones, jogos, redes sociais, etc.) só para ter a atenção das pessoas. Não se passa de bestas zombificadas. Depois têm a lata de dizerem que estão muito ocupadas, quando precisamente dispondo de telemóvel bastam menos de 15 segundos para dar um toque, dar sinal de vida, a outra pessoa.
Há 15 anos atrás a maioria das pessoas não tinha telemóvel e eram todas mais humanas que isso nas suas (então verdadeiras) relações interpessoais.
quinta-feira, maio 22, 2014
quarta-feira, maio 07, 2014
sexta-feira, maio 02, 2014
Irene, por Rodrigo Amarante
Saudade, eu te matei de fome
E tarde, eu te enterrei com a mágoa
Se hoje eu já não sei teu nome
Teu rosto nunca me deu trégua
Milagre seria não ver
No amor, essa flor perene
Que brota na lua negra
Que seca, mas nunca morre
Verdade, eu te cerquei de longe
E tarde, eu encostei no medo
Se ontem eu cantei teu nome
O eco já não morre cedo
Milagre seria não ter
O amor, essa rima breve
Que o brilho da lua cheia
Acorda de um sono leve
Irene
Irene ri
quarta-feira, abril 23, 2014
Intelectualidade e Moralidade São Incompatíveis, Fernando Pessoa (Barão de Teive), in "A Educação do Estóico"
Intelectualidade e Moralidade São IncompatíveisNão há maior tragédia do que a igual intensidade, na mesma alma ou no mesmo homem, do sentimento intelectual e do sentimento moral. Para que um homem possa ser distintivamente e absolutamente moral, tem que ser um pouco estúpido. Para que um homem possa ser absolutamente intelectual, tem que ser um pouco imoral. Não sei que jogo ou ironia das coisas condena o homem à impossibilidade desta dualidade em grande. Por meu mal, ela dá-se em mim. Assim, por ter duas virtudes, nunca pude fazer nada de mim. Não foi o excesso de uma qualidade, mas o excesso de duas, que me matou para a vida.
Fernando Pessoa (Barão de Teive), in "A Educação do Estóico"
Fernando Pessoa (Barão de Teive), in "A Educação do Estóico"
segunda-feira, março 31, 2014
Juras de demora
Dizes que me vês no interior das tuas pálpebras,
pois eu falo contigo no interior dos meus lábios
e quando fecho as pálpebras vejo-te despido de nudez,
tão intransponível e coberto de véus de luz que me cega
e me deixa certa da divindade do teu ser.
Fazes-me juras de demora, pois é impossível passarmos
por tudo o que está selado nas nuvens de um reino invisível.
A minha voz vibra pelos raios de luz que emanas
e lembro que necessitas dos meus ouvidos para escutar
e do meu coração para sentir e eles sempre foram teus,
dia após dia por todos os dias das nossas vidas.
Preciso dos teus braços para sufocarem o desejo dos meus
e necessito da tua mente para cercear os meus maus pensamentos.
pois eu falo contigo no interior dos meus lábios
e quando fecho as pálpebras vejo-te despido de nudez,
tão intransponível e coberto de véus de luz que me cega
e me deixa certa da divindade do teu ser.
Fazes-me juras de demora, pois é impossível passarmos
por tudo o que está selado nas nuvens de um reino invisível.
A minha voz vibra pelos raios de luz que emanas
e lembro que necessitas dos meus ouvidos para escutar
e do meu coração para sentir e eles sempre foram teus,
dia após dia por todos os dias das nossas vidas.
Preciso dos teus braços para sufocarem o desejo dos meus
e necessito da tua mente para cercear os meus maus pensamentos.
sexta-feira, março 21, 2014
terça-feira, março 04, 2014
O sopro do amor renovado.
Amei-te com a força das preces de um negro que grita pela liberdade, enquanto está a ser açoitado pelos brancos-sujos de uma parda irmandade.
Vasculhas-me a mente com os dedos grossos da memória, dedilhando cada momento como quem procura num armário de ficheiros secretos empoeirados arquivados há milénios. Também recorres ao uso de luvas como quando se mexe em documentos antigos, mas as tuas luvas são feitas de um misto de hesitação e receio do que podes encontrar.
Não te esqueças que estavas lá comigo no princípio de tudo e também depois quando vieram as areias movediças do tempo abalar-nos o chão que pensámos termos firme debaixo dos pés. Não te esqueças que estavas lá, no fim de tudo, quando veio o redemoinho que nos evaporou pelo universo como pó estelar.
Assim é o nosso amor, espalhado aos quatro ventos, ganhada uma vida ainda maior, varrendo a Terra e cavalgando as ondas do mar. Pois nós dois somos um só conjunto de partículas esvoaçantes e o nosso amor semeia-se em todas as flores e fecunda todos os campos que a vista consegue alcançar. Floresce de novo, com mais vigor, esse coração que é uno tal qual a chuva e a terra quando sobrevivem à tempestade.
Vasculhas-me a mente com os dedos grossos da memória, dedilhando cada momento como quem procura num armário de ficheiros secretos empoeirados arquivados há milénios. Também recorres ao uso de luvas como quando se mexe em documentos antigos, mas as tuas luvas são feitas de um misto de hesitação e receio do que podes encontrar.
Não te esqueças que estavas lá comigo no princípio de tudo e também depois quando vieram as areias movediças do tempo abalar-nos o chão que pensámos termos firme debaixo dos pés. Não te esqueças que estavas lá, no fim de tudo, quando veio o redemoinho que nos evaporou pelo universo como pó estelar.
Assim é o nosso amor, espalhado aos quatro ventos, ganhada uma vida ainda maior, varrendo a Terra e cavalgando as ondas do mar. Pois nós dois somos um só conjunto de partículas esvoaçantes e o nosso amor semeia-se em todas as flores e fecunda todos os campos que a vista consegue alcançar. Floresce de novo, com mais vigor, esse coração que é uno tal qual a chuva e a terra quando sobrevivem à tempestade.
domingo, março 02, 2014
Arte
A Arte anuncia e denuncia
e é confissão e expiação
e não é tanta a parte que nos retrata
quanto a parte que nos maltrata
e muitas vezes nos tira a Razão.
A Arte é como amar-te
tem palavras e imagens
tem segredos e viagens
A Arte tem a sua própria paisagem
e o seu próprio pulsar no coração.
e é confissão e expiação
e não é tanta a parte que nos retrata
quanto a parte que nos maltrata
e muitas vezes nos tira a Razão.
A Arte é como amar-te
tem palavras e imagens
tem segredos e viagens
A Arte tem a sua própria paisagem
e o seu próprio pulsar no coração.
terça-feira, fevereiro 25, 2014
Esburacados
A vida é mesmo assim
triste e miserável
arranca-nos tudo
pouco a pouco
como um louco
que arranca os próprios cabelos.
As pessoas tumultuadas
pelos sulcos dos percalços
enlouquecem surdinamente
até que explodem estilhaços
das suas psiques
alevejando quem está por perto.
triste e miserável
arranca-nos tudo
pouco a pouco
como um louco
que arranca os próprios cabelos.
As pessoas tumultuadas
pelos sulcos dos percalços
enlouquecem surdinamente
até que explodem estilhaços
das suas psiques
alevejando quem está por perto.
domingo, fevereiro 16, 2014
Onde estão as árvores?
As viagens já não são as mesmas
e as paisagens já não são lesmas
que se arrastam pelo meu olhar
lânguidas para eu as saborear.
Incrivelmente já não há árvores
a encher-me a vista de ar puro
apenas selvas com mármores
que se erguem num cenário duro.
São erecções de betão armado
que destruíram toda a natureza
numa reprodução sem delicadeza
tornando tudo desfigurado.
e as paisagens já não são lesmas
que se arrastam pelo meu olhar
lânguidas para eu as saborear.
Incrivelmente já não há árvores
a encher-me a vista de ar puro
apenas selvas com mármores
que se erguem num cenário duro.
São erecções de betão armado
que destruíram toda a natureza
numa reprodução sem delicadeza
tornando tudo desfigurado.
segunda-feira, fevereiro 10, 2014
sexta-feira, fevereiro 07, 2014
Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
Fartei-me de poemas sobre nada e de gestos vazios de mãos cansadas e de mentes aborrecidas e aguadas.
A amargura é apenas um dos temperos da vida do qual não se deve abusar. Tal como se diz que o segredo para uma vida bem passada é uma dieta equilibrada...
Pois não quero mais esse nada que é o equilíbrio de uma linha recta que emite o ruído monótono da morte. Não quero mais essa mediania, esse passar bem e suposto bem-estar que não são nada, que não têm pulsar.
Chegam as cores que não o são, o preto, o branco e o mortiço cinza; eu quero é vermelho no sangue e no coração!
A amargura é apenas um dos temperos da vida do qual não se deve abusar. Tal como se diz que o segredo para uma vida bem passada é uma dieta equilibrada...
Pois não quero mais esse nada que é o equilíbrio de uma linha recta que emite o ruído monótono da morte. Não quero mais essa mediania, esse passar bem e suposto bem-estar que não são nada, que não têm pulsar.
Chegam as cores que não o são, o preto, o branco e o mortiço cinza; eu quero é vermelho no sangue e no coração!
terça-feira, fevereiro 04, 2014
Todos os dias vejo-te em todas as coisas de tantos tamanhos.
Penso em poder sonhar-te a sorrires e cuido do teu coração com carinho.
O Tempo totaliza o nosso namoro de séculos sozinhos e ósculos oscilam nas largas linhas do pensamento em par. Correspondemo-nos cautelosamente nuns chamados, cheios de sentimentos sincronizados e amamo-nos até um amanhecer de novo nos alcançar abraçados.
Penso em poder sonhar-te a sorrires e cuido do teu coração com carinho.
O Tempo totaliza o nosso namoro de séculos sozinhos e ósculos oscilam nas largas linhas do pensamento em par. Correspondemo-nos cautelosamente nuns chamados, cheios de sentimentos sincronizados e amamo-nos até um amanhecer de novo nos alcançar abraçados.
domingo, fevereiro 02, 2014
quinta-feira, janeiro 30, 2014
Helena (Len Inha)
Ela protege-se do desamor vestindo cores garridas... e baila ao sabor das marés e do vento, com a lua como acompanhante de dança sempre a brilhar no palco-chão de relva.
Helena não tem necessidade de ser deusa nem adorada ou ser solicitada por todos, mas ela é, porque ela irradia como o sol uma honestidade e autenticidade inatas, raras qualidades humanas.
Os anos passam, mas Helena não se detém na poeira do tempo e de raízes fortes ela permanece florescida e florescente.
Helena não tem necessidade de ser deusa nem adorada ou ser solicitada por todos, mas ela é, porque ela irradia como o sol uma honestidade e autenticidade inatas, raras qualidades humanas.
Os anos passam, mas Helena não se detém na poeira do tempo e de raízes fortes ela permanece florescida e florescente.
domingo, janeiro 26, 2014
Para quem está longe mas nunca está.
Quando se ama verdadeiramente,
por mais que a outra pessoa esteja do outro lado do Mundo,
ela está sempre colada à tua pele
e sentes o seu respirar mais intimamente
do que a brisa que te sopra gentilmente no rosto.
Ela é o invólucro do teu coração;
contém-nos e fá-lo existir.
por mais que a outra pessoa esteja do outro lado do Mundo,
ela está sempre colada à tua pele
e sentes o seu respirar mais intimamente
do que a brisa que te sopra gentilmente no rosto.
Ela é o invólucro do teu coração;
contém-nos e fá-lo existir.
Sem título
Nunca o vira com tamanhos olhos de ver. Talvez eu tenha chegado à idade e um certo acumular de experiência, que me permitiram enxergar como as coisas eram além do visível, do imediato, do que todos os outros em redor, em ambiente de festa, viam.
Ele pegou na bebé, como tinha pegado em tantos outros e fez as mesmas brincadeiras de sempre que resultavam em gargalhadas sonoras das crianças e em espanto de quem via como ele tinha tanto jeito com elas. No entanto, desta vez percebi que ao pegá-la e ao brincar com ela, ele tentava à força afastar todas as coisas más que lhe tinham acontecido; esperava - com a esperança de quem está há muito no deserto e precisa de encontrar água - que todas as memórias das suas dores e das suas mágoas se dissolvessem com a força do riso.
Eu, por outro lado, nunca consegui não ver que os bebés vêm para um mundo pejado de intolerância e massacre e que ninguém escapa ao sofrimento, e por isso olhava-os com a pena devida e merecida que lhes pertencia por serem, então, inocentes.
Quando se tem noção dos absurdos que existem ao longo da vida das pessoas, entende-se que não havendo qualquer sentido para todos esses aspectos não há grande coisa que se possa fazer. O próprio acto de se pegar num bebé torna-se indiferente para a engrenagem das coisas e não há que haver mais tristezas ou alegrias, pois ora tudo é, ora tudo não é e nós vivemos no meio disso sem haver norte possível.
Ele pegou na bebé, como tinha pegado em tantos outros e fez as mesmas brincadeiras de sempre que resultavam em gargalhadas sonoras das crianças e em espanto de quem via como ele tinha tanto jeito com elas. No entanto, desta vez percebi que ao pegá-la e ao brincar com ela, ele tentava à força afastar todas as coisas más que lhe tinham acontecido; esperava - com a esperança de quem está há muito no deserto e precisa de encontrar água - que todas as memórias das suas dores e das suas mágoas se dissolvessem com a força do riso.
Eu, por outro lado, nunca consegui não ver que os bebés vêm para um mundo pejado de intolerância e massacre e que ninguém escapa ao sofrimento, e por isso olhava-os com a pena devida e merecida que lhes pertencia por serem, então, inocentes.
Quando se tem noção dos absurdos que existem ao longo da vida das pessoas, entende-se que não havendo qualquer sentido para todos esses aspectos não há grande coisa que se possa fazer. O próprio acto de se pegar num bebé torna-se indiferente para a engrenagem das coisas e não há que haver mais tristezas ou alegrias, pois ora tudo é, ora tudo não é e nós vivemos no meio disso sem haver norte possível.
quarta-feira, janeiro 15, 2014
A redundância do final do tempo
A vontade azul que ninguém consegue mover
cristalizou-se em cume de glaciar
que ninguém consegue alcançar.
A vida de todos eles, envelhecidos,
materializou-se em sonhos perdidos
e deixou-se ficar em tempos idos
a que não mais se pode regressar.
Desejam-se promessas, esperanças, gargalhadas,
ao invés das lembranças desgarradas,
remorsos e arrependimentos
do que também não há-de mais chegar.
A vida já é breve
e o bater cansado do coração
anuncia-se leve
pronto para largar a mão.
cristalizou-se em cume de glaciar
que ninguém consegue alcançar.
A vida de todos eles, envelhecidos,
materializou-se em sonhos perdidos
e deixou-se ficar em tempos idos
a que não mais se pode regressar.
Desejam-se promessas, esperanças, gargalhadas,
ao invés das lembranças desgarradas,
remorsos e arrependimentos
do que também não há-de mais chegar.
A vida já é breve
e o bater cansado do coração
anuncia-se leve
pronto para largar a mão.
segunda-feira, janeiro 13, 2014
Quando aqui não estás, de Al Berto
Quando aqui não estás
o que nos rodeou põe-se a morrer
a janela que abre para o mar
continua fechada só nos sonhos
me ergo
abro-a
deixo a frescura e a força da manhã
escorrem pelos dedos prisioneiros
da tristeza
acordo
para a cegante claridade das ondas
um rosto desenvolve-se nítido
além
rasando o sal da imensa ausência
uma voz
quero morrer
com uma overdose de beleza
e num sussurro o corpo apaziguado
perscruta esse coração
esse
solitário caçador
o que nos rodeou põe-se a morrer
a janela que abre para o mar
continua fechada só nos sonhos
me ergo
abro-a
deixo a frescura e a força da manhã
escorrem pelos dedos prisioneiros
da tristeza
acordo
para a cegante claridade das ondas
um rosto desenvolve-se nítido
além
rasando o sal da imensa ausência
uma voz
quero morrer
com uma overdose de beleza
e num sussurro o corpo apaziguado
perscruta esse coração
esse
solitário caçador
sexta-feira, janeiro 10, 2014
quarta-feira, janeiro 08, 2014
Da persistente presença da impossível Saudade
Quando se tem saudade de alguém,
essa pessoa está sempre presente na distância:
ela é adorada erva-daninha no pensamento
e uma lapa impossível de descolar do coração.
Os nossos braços nunca esfriam completamente
e o nosso peito, apesar de esburacado,
está sempre morno,
do misto que é perder e reter ao mesmo tempo.
E, como que em banho-maria,
assim se mantém o nosso sentimento cálido,
que nunca permitimos que ferva para não derramar
nem tanto apagamos o lume para ele não esfriar.
essa pessoa está sempre presente na distância:
ela é adorada erva-daninha no pensamento
e uma lapa impossível de descolar do coração.
Os nossos braços nunca esfriam completamente
e o nosso peito, apesar de esburacado,
está sempre morno,
do misto que é perder e reter ao mesmo tempo.
E, como que em banho-maria,
assim se mantém o nosso sentimento cálido,
que nunca permitimos que ferva para não derramar
nem tanto apagamos o lume para ele não esfriar.
Porque é que as pessoas são tão "voyeuristas"?
Será que é porque as suas vidas são completamente chatas e por isso agarram-se às vidas dos outros, como espectadores de telenovelas, como tantas vezes se supõe? Ou, por outro lado, as suas vidas são tão más que fazem das vidas dos outros um escape, talvez numa sede de exaltação e do espectáculo de entretenimento?
Era de se pensar que por observação aprendessem algo, mas também não me parece que fiquem atentas às vidas alheias com esse objectivo e nem sequer retirando esse benefício.
Quero pensar que, por mais que o ser humano tenha a sua natureza pérfida, não fique a vigiar a vida do vizinho apenas para se regozijar com as eventuais desgraças para se compensar pensando que a "erva no jardim do vizinho" já não é tão verde quanto a sua. Embora, de facto, veja e oiça constantemente as pessoas reagirem perante a desgraça alheia imediatamente com uma comparação do género "já viste, ao menos nós estamos melhor" ou "antes eles do que nós" - esta última irrita-me particularmente. (E é provável que começarei a dizê-la, caso tenha oportunidade, quando me vierem "fofocar" boas notícias de outros. "Não-sei-quem ganhou o Euromilhões!" e eu direi: "Antes eles do que nós!", a ver como é a reacção obtida. Na verdade sempre que me vinham contar algo bom ou normal sobre alguém sempre dizia "olha, parabéns para eles", de modo que não será muito diferente.)
No caso das "vidas boas" que por exemplo muitas celebridades espelham na Imprensa e as pessoas consomem avidamente, devo ainda questionar: além da inveja, ou dos que ainda mais criticam, será apenas o pobre "zé povinho" a perpetuar aquilo que já era prática nas monarquias da Idade Média de acompanhar ao máximo as "cortes reais" para as imitar no que podem, aspirando (sonhando, claro) a uma elevação social e a uma melhoria de vida? E até que ponto isso funciona como motivação para que essa dita camada de posses reduzidas tente - por que meios, depois se verá - alcançar um status superior?
É claro que também os há doutrinadores, sejam católicos ou não, que têm a mania que podem intervir a toda a hora, assim que testemunham algum acontecimento na vida de outrem, para despejar pérolas de sabedoria em cima de quem não as pediu, muitas vezes apenas porque já estão habituados a fazê-lo, pois tanta é a frequência com que o fazem, e sempre pensam que estão a ajudar (não vá, como bónus, isso resultar num lugarzinho no céu, ou ainda antes numa redenção terrena).
Seja por causa de presunção, inveja, aborrecimento, tentativa de se integrar (tal é a prioridade do sentimento de pertença que o ser humano estabelece, de que Maslow falava), curiosidade ou simplesmente pura estupidez, não tenho qualquer apetência para o que quer que seja que esteja relacionado com a vida alheia e é apenas mais uma daquelas coisas - tal como muitas no ser humano societal - que não me faz sentido algum.
Era de se pensar que por observação aprendessem algo, mas também não me parece que fiquem atentas às vidas alheias com esse objectivo e nem sequer retirando esse benefício.
Quero pensar que, por mais que o ser humano tenha a sua natureza pérfida, não fique a vigiar a vida do vizinho apenas para se regozijar com as eventuais desgraças para se compensar pensando que a "erva no jardim do vizinho" já não é tão verde quanto a sua. Embora, de facto, veja e oiça constantemente as pessoas reagirem perante a desgraça alheia imediatamente com uma comparação do género "já viste, ao menos nós estamos melhor" ou "antes eles do que nós" - esta última irrita-me particularmente. (E é provável que começarei a dizê-la, caso tenha oportunidade, quando me vierem "fofocar" boas notícias de outros. "Não-sei-quem ganhou o Euromilhões!" e eu direi: "Antes eles do que nós!", a ver como é a reacção obtida. Na verdade sempre que me vinham contar algo bom ou normal sobre alguém sempre dizia "olha, parabéns para eles", de modo que não será muito diferente.)
No caso das "vidas boas" que por exemplo muitas celebridades espelham na Imprensa e as pessoas consomem avidamente, devo ainda questionar: além da inveja, ou dos que ainda mais criticam, será apenas o pobre "zé povinho" a perpetuar aquilo que já era prática nas monarquias da Idade Média de acompanhar ao máximo as "cortes reais" para as imitar no que podem, aspirando (sonhando, claro) a uma elevação social e a uma melhoria de vida? E até que ponto isso funciona como motivação para que essa dita camada de posses reduzidas tente - por que meios, depois se verá - alcançar um status superior?
É claro que também os há doutrinadores, sejam católicos ou não, que têm a mania que podem intervir a toda a hora, assim que testemunham algum acontecimento na vida de outrem, para despejar pérolas de sabedoria em cima de quem não as pediu, muitas vezes apenas porque já estão habituados a fazê-lo, pois tanta é a frequência com que o fazem, e sempre pensam que estão a ajudar (não vá, como bónus, isso resultar num lugarzinho no céu, ou ainda antes numa redenção terrena).
Seja por causa de presunção, inveja, aborrecimento, tentativa de se integrar (tal é a prioridade do sentimento de pertença que o ser humano estabelece, de que Maslow falava), curiosidade ou simplesmente pura estupidez, não tenho qualquer apetência para o que quer que seja que esteja relacionado com a vida alheia e é apenas mais uma daquelas coisas - tal como muitas no ser humano societal - que não me faz sentido algum.
terça-feira, janeiro 07, 2014
Juventude perdida
Ela faz-me lembrar de mim quando miúda.
Imagino que todas nós, então, sejamos assim: paixões platónicas, pensamentos e sentimentos radicais e extremas emoções.
O conforto e a doçura de uma maçã cozida, uma papa ou uma canja de arroz, a lembrar a infância delicada. Para não falar dos longos cabelos e roupas largas quentes, para nos darem um abraço sempre que está frio...
Mas há coisas que nunca mudam. A madrugada e o luar, o pôr-do-sol e a praia. Às vezes não sei se destruo o que está no meio de propósito, para assegurar que o fim é o melhor, já que o princípio teve uns seus raros momentos leves.
O tempo o dirá, como sempre, só ele tem essa eloquência.
Imagino que todas nós, então, sejamos assim: paixões platónicas, pensamentos e sentimentos radicais e extremas emoções.
O conforto e a doçura de uma maçã cozida, uma papa ou uma canja de arroz, a lembrar a infância delicada. Para não falar dos longos cabelos e roupas largas quentes, para nos darem um abraço sempre que está frio...
Mas há coisas que nunca mudam. A madrugada e o luar, o pôr-do-sol e a praia. Às vezes não sei se destruo o que está no meio de propósito, para assegurar que o fim é o melhor, já que o princípio teve uns seus raros momentos leves.
O tempo o dirá, como sempre, só ele tem essa eloquência.
sábado, janeiro 04, 2014
Naquela tarde em Foshan
Funestos festivais de cores
que os amores vêem na melancolia do céu
quando caem as flores de cerejeiras
com as suas pétalas alvas
brilhando através do breu.
Atravessam as nuvens raios de nostalgia
que mortiços se vão deitar na terra,
entregues às suas últimas moradas
e as memórias desconsoladas
vivem nas folhas do vento lento
que move as montanhas do nosso pensamento.
que os amores vêem na melancolia do céu
quando caem as flores de cerejeiras
com as suas pétalas alvas
brilhando através do breu.
Atravessam as nuvens raios de nostalgia
que mortiços se vão deitar na terra,
entregues às suas últimas moradas
e as memórias desconsoladas
vivem nas folhas do vento lento
que move as montanhas do nosso pensamento.
quarta-feira, janeiro 01, 2014
Os Conscientes
Bem-aventurados e condenados são os que têm a consciência de não fazer sofrer pois sabem e já viram demasiado sofrimento na Terra...
Esta faca de dois gumes, ter consciência da realidade que é tão horrenda e ao mesmo tempo ter de continuar a viver, tornou-se numa impossibilidade tal que fomenta um turbilhão constante de dificuldades existenciais.
Como é que se vê, ou se tem consciência, das atrocidades que o Homem comete contra a sua própria espécie e contra as outras, contra as suas próprias crianças e se continua? As guerras, as mutilações, explorações, assédios e violações... como é que se continua depois de se ter consciência, depois de se ter gravado no olhar e na mente e no coração e na alma toda a podridão que nos rodeia e sabendo que o que quer que se faça de bom e belo nunca é um milésimo do que de mal se faz a todo o segundo no Mundo?
Esta faca de dois gumes, ter consciência da realidade que é tão horrenda e ao mesmo tempo ter de continuar a viver, tornou-se numa impossibilidade tal que fomenta um turbilhão constante de dificuldades existenciais.
Como é que se vê, ou se tem consciência, das atrocidades que o Homem comete contra a sua própria espécie e contra as outras, contra as suas próprias crianças e se continua? As guerras, as mutilações, explorações, assédios e violações... como é que se continua depois de se ter consciência, depois de se ter gravado no olhar e na mente e no coração e na alma toda a podridão que nos rodeia e sabendo que o que quer que se faça de bom e belo nunca é um milésimo do que de mal se faz a todo o segundo no Mundo?
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