Rio do Tempo
Mas quem ri no fim é ele
Poesia filosófica; Poesia Visual; e outros objectos poéticos de Poeta mera observadora
Eu sou água e ele é terra
Eu sou filigrana e ele viga de aço
Eu sou da Maria, ele do ...
Eu sou calmaria e bonomia
Ele é nublado e desconfiado
Se me mexem sou tempestade
Ele é gato despeitado mas debochado
De resto desempoeirado
Enquanto eu fico anos na poeira
Quando eu sou fogo ele é vento
Quando ele é vendaval eu alento
Eu sou de Setembro e de Abril
Ele é de Fevereiro e no ano inteiro
Ele é santidade e folias mil
Ele é dinheiro e eu brasil
Eu sou céu e ele mar
Eu gosto é de criar
Mas se dependesse de mim
Eu ia é hibernar
Quando lá é calor
Aqui faz tanto frio
No entanto nós os dois
Temos uma tal de amizade
Que ultrapassa os antónimos
Mesmo sendo nós um para o outro
Apenas um par de anónimos
Estranha
Assustadora
Etérea
Assombrosa
Deixa-me suspensa
Com a luz do vidro azul
A envolver-me
E quase que flutuo sem ti
Deram cabo de mim porque entraram no meu coração e negligenciaram-no, pisando-o e esmifrando-o sem dó nem piedade. Eu desisti depois de muita saudade. Nunca mais soube o que era liberdade. Experimentei uma solidão que nunca tinha experimentado: a de quem ama tendo pensado que também seria amado.
Acho impressionante como consegui piorar a minha vida ao cruzar-me com certas pessoas e não me ter retirado atempadamente, mesmo sabendo que no final eu é que ia ficar na mais completa das porcarias.
Lembro do poema sobre felicidade que o Keanu Reeves escreveu, num tom rimático, bem adequado à ironia da coisa e como termina a dizer precisamente que pode ser sempre pior.
- ultimamente, provavelmente por estar a envelhecer a olhos vistos e já ter alguma expansão de tempo de vida suficiente para ter várias memórias, tenho me apercebido cada vez mais do quão triste pode ser passar uma vida inteira sozinha sem ter vivalma com que se possa de facto contar muito, por exemplo nos momentos de tarefas rotineiras do dia-a-dia, como ajudarem a carregar um saco ou uma mala, ou em momentos mais tenebrosos, sejam de violência ou assédio, pós-assalto, quase morte, etc.
Aprender a pedir ajuda, depois de anos de traumas, e também não sentir acolhimento, escuta, empatia, ou apoio empírico, também é bastante desilusório e doloroso; espero que ninguém passe por isso. A verdade é que sempre precisei de ajuda como qualquer outro ser humano, ou mais ainda dadas as dificuldades, mas tive de ser forte desde criança, à força, como muitas, especialmente meninas, por esse mundo fora. Como é de esperar, ser forte todos os dias cansa.
Agora que revisitei estes pequenos clips de vídeo, dei por mim a ver como no fundo sempre foi um bocado isto que se passou: as noites (acontecimentos) mais escuras e sofridas sempre comigo a acenar a mim mesma, porque todas as coisas horríveis que passei, não só passei sozinha sem ninguém que me defendesse, mesmo eu tendo passado a minha vida a sofrer as retaliações de ter defendido toda a gente que amava, como sempre me apercebi que ninguém pode compreender o que eu tenho passado senão eu mesma, que lutei todos os dias para que a sombra de que me forjaram e me fizeram querer morrer desde os meus doze anos, eu acenasse-lhe de volta, como quem diz (um pouco estúpida e teimosamente): ainda estou aqui.
E tu, se fores em muito como eu, mesmo que tenhas o mundo contra ti, eu estou contigo, sempre, nessa noite escura e mesmo que ela já vá longa, eu aceno-te e vergo-me a tudo o que és. E que tu tenhas música que te venha do nada à cabeça ajudar a continuares a salvares-te um bocadinho de cada vez ❤️👏🏽
#tbt #escritora #lucubração #pensieri #tbthursday #poeta #txt #reels #seeupudesse #mar #sombra #longisthenight #itsbeenaharddaysnight #itsbeenaharddayslife #lullabyyourselfintosleep #noite #goodnight
E porque é que o teu nome não descolou ainda da minha boca e continua agarrado à minha língua
Perdi a conta de quantas vezes te deixei ir, quantas vezes pensei que tinha de te largar, que já não queria mais sofrer desta coisa que não é já apenas doença - a não ser que seja mais uma incurável - e que também já não é obsessão, ou se calhar é mesmo ainda tudo isso, embora tenha tentado tanto remediar.
Por que raio não sais de mim? Especialmente se eu saí tão rápido de ti, ou nem cheguei a estar dentro. Já tentei revoltar-me, já morri, já dei uma de kamikaze, tanto que sofri e também já tentei aceitar, abraçar, ...
nada resultou até agora
nem o tempo
nem a memória que vai indo
nem nada
talvez não haja maneira de te tirar completamente de mim, simplesmente porque fizeste de alguma forma parte da minha vida e muito intensamente
(estranhamente não perdi completa esperança de que um dia acontecerá ou mesmo o mais improvável que somos nós)
Talvez tenha sido só isso, mesmo que tenha sido e seja para mim tanto e tudo: um com castelos de areia e outro com nuvens e eu a água que os molhou. Fiz desabar e chorar e desaguar e alagar e dissolver e fiquei só eu a naufragar, sempre um destroço de quem um dia foi avistado como navio pirata.
Queria que se alguma vez pensassem em mim fosse com um sorriso nos lábios e um quentinho no coração, mas provavelmente só me detestam e evitam a todo o custo a minha recordação.
Há muitos, demasiados, onde se matam crianças, mulheres e homens todos os dias, alvejando-os, espancando-os, escravizando-os, violando-os, atirando-os de pontes, cortando-lhes as mãos, esfaqueando-os, pontapeando-os no chão.
Eu quase matei e salvei pessoas com uma palavra, ou muitas. Talvez a minha arma tenha sido diferente, mas não me faz muito menos assassina.
Hoje, depois de cumprir a minha sina, tornei-me de novo naquela menina que não tinha sido pela própria proveniência corrompida e que não fazia mal a ninguém.
Não visito países dos homens. Apenas permaneço onde há a ternura das crianças.
Amámo-nos porque tentamos amarmo-nos a nós próprios.
Odiámo-nos porque nos odiamos a nós mesmos.
Talvez, afinal, apenas sejamos bons antes dos cinco anos, antes da idade dos porquês. Não porque questionamos tudo e temos poucas respostas, mas porque nos apercebemos de que tudo é frustrantemente falso. E essa descoberta tira-nos a inocência, a pureza, a paz e ficamos violentos e cínicos como os demais.
Sentir que o teu amor era uma hipótese real fez-me entrar em modo kamikaze porque não cabia em mim tamanha benção.
Se um dia te disse que não acreditaria se dissesses que me amas, pois tu nem sequer me conhecias, hoje depois de tudo de horrível que conheceste de mim ("when everything's made to be broken, I just want you to know who I am"), se me dissesses que me amas, eu acreditaria.
Quando é que deixãmos de pensar?
A intelectualidade teve preguiça de passar à práctica e foi assim mais fácil regressar ao básico, a estupidez ganhou caminho na mente, avançou terreno e fez mesmo regredirmos aos mínimos pictogramas e grunhidos, acelerados e desfasados, aumentando a entropia.
Sou a pessoa que a pessoa que me pôs no mundo e a outra pessoa que mais amo no mundo me detestam e já desejaram a minha morte.
Que é esta minha sorte? 👌🏽🤷🏽🖤
As tuas poucas palavras mostraram-me mais sobre mim do que eu com as minhas na minha vida inteira.
Evitar pessoas e ocorrências relacionadas contigo, para ver se te esqueço, só me faz sentir mais isolada dos meus amigos, ter mais falta de ti, de te ver, de te ouvir, de sentir a nossa telepatia e ligação constantes.
Disseram-me que depois destes anos todos, se a tal da 'limerence' que sinto, ainda persiste, apesar de ter implementado todas as práticas para eliminá-la, tenho de admitir que os sentimentos existem, são reais e não uma fantasia. Houve (há -mds como custa escrever) mesmo uma pessoa de quem gostei (o).
E essa pessoa não gosta de mim. E está tudo bem assim. Porque eu também não gostei do que fiz.
Obrigada, Ben.
Às vezes, quando nós sofremos derrotas globais muito fortes nos valores humanistas, que nos são tão caros - como se deu mais recentemente nas eleições americanas -, dá-se uma onda generalizada de desmotivação. Aí é que é necessário relembrar que cada um de nós é uma centelha para o outro e que estamos todos juntos nesse titanic que o Mundo é. Deixar que a depressão ganhe, neste caso é deixar que as luzes que ainda podiam brilhar para alumiar outros também, se apaguem e a longa noite já não tenha sequer pirilampos mágicos.
Enquanto nós convalescemos apagados, os que planearam as nossas mortes continuam a avançar inimputáveis.
Muitas vezes, foi a minha indignação e raiva que falaram mais alto contra a dor, a tristeza, o desânimo e a sensação de incapacidade. Mas, nestes últimos dois dias, calhou relembrar mais que os artistas têm uma função comunitária, nomeadamente a de inspirar a continuar e serem um exemplo.
Quem não olha só para o próprio umbigo e pensa nos outros, é natural que esteja extremamente mal por causa do crescente e absoluto desrespeito pela vida dos que mais sofrem, que se tem propagado das máquinas fascistas para legitimar ódios latentes de várias franjas da população.
Lembro que durante o pior pandemónio pandémico, a magnífica artista @marinamelomelo , que carinhosamente depois apelidei de vanguardista, fazia inquirições sobre o que é que nos ajudava a não cair. Eu agora dei por mim a pensar: melhor, o que me ajuda a levantar, porque cair todos caímos por mais que a maioria nem pare para se aperceber do quão funda é a queda.
Nos últimos anos em que concluí um processo terapêutico muito abrangente e intensivo, aprendi que a real força está em reconhecer e acolher os tropeços e as quedas e não ignorá-las para poder sobreviver o dia-a-dia pensando que se foi em frente. Não se foi, só se está é a cavar um buraco mais fundo sem se dar conta.
Bem, posto isto, só para dizer que: cuidem-se a todos os níveis e olhem pelos outros, porque no fundo estamos todos a sangrar da mesma cor e a fitar o mesmo abismo.
A minha vida foi tão horrível e mesmo assim nunca perdi irremediavelmente a capacidade de olhar com beleza para as coisas, contemplá-las, não tanto na busca de sobreviver ao dia-a-dia (como eu pensava que era totalmente) mas mais por ser assim como eu sou, uma pessoa que enxerga o mundo nos seus detalhes, os péssimos e os belos. A tal coisa de que, em mim, ser poeta é ao mesmo tempo uma benção/salvação e uma condenação/maldição.
Sou completamente apaixonada por ele e detesto-me por isso. Queria que ele me tivesse escolhido. Mas ele nunca o fez. Vivo num sentimento tumultuoso e indefinido como quem não sabe ao que vem. Os meus olhos estão avariados de tanto estarem fixados numa imagem além. Que não existe senão miragem, fruto de um delírio colectivo que me fez adoecer. Não sabes que és perfeito? Para o meu cérebro cego. És.
Quando fazes covinhas e quando já não fazes; quando usas roupa caqui (que é coisa de beto e não gosto) e outras mais lilases; adoro tudo o que fazes, tal é a obsessão em que me trazes. E não vou sequer falar do teu cabelo, do teu suposto cheiro, do teu abraço, que o que mais queria era tê-lo - mentira, era o teu beijo no meu destino.
Saber que tu afinal nunca exististe foi a maior decepção que tive e é o maior sofrimento que carrego em mim, especialmente nas noites em que é tão difícil adormecer. De todos os feitiços que alguém me podia ter feito, o de estar apaixonada é das piores maldições. Uma paixão que já se tornou meio louca, pois grita um vazio e de tanto a voz do coração sangrar ficou rouca e não sabe mais se um dia será capaz de voltar a amar.
Uma das maiores misérias humanas é não se saber estar em paz. Não retirarem lições necessárias dela. Não valorizarem-na. Não saberem reconhecê-la.
A paz é a melhor coisa que um indivíduo pode ter em vida, daí que quando alguém morre se diga "Descanse em Paz".
Só que durante uma vida inteira, ninguém tem a Paz como objectivo. No máximo, alguns têm uma obstinação em alcançar uma iluminação espiritual ou uma paz de consciência em relação a algumas culpas que carregam. Mas ninguém faz da Paz um exercício diário como seu maior objectivo.
E a ironia maior é que se atingissem finalmente esse alvo de serem Paz, tudo o resto quereria dizer que não tinham mais outros problemas que precisamente lhes tiram a Paz. Como, por exemplo, o problema de não ter liberdade, dinheiro, saúde e outros.
Valia a pena experimentar, não? Por mais "aborrecido" que achássemos que ter paz seria. É melhor do que o quotidiano do Mundo.
Se ninguém defender e lutar activamente por espalhar o Bem nas suas comunidades locais, as máquinas e estratégias do Mal proliferam nos seus mecanismos e instalam-se sorrateiramente cada vez mais sob as máscaras das instituições comerciais, criando estruturas de dependência letais.
Os que pretendem lucros e dominação, têm de obter através das pessoas, subjugando-as e daí terem planos pré-estabelecidos com o objectivo de imporem as suas agendas a toda a sociedade. O que eles têm como valioso não é a vida dos membros das sociedades, mas sim o que podem obter delas para inclusive definirem depois as regras vigentes, propagando um moralismo controlador nefasto.
São pessoas que têm no seu carácter mormente violência, frustração e crueldade, sem qualquer amor à liberdade de escolha, à vida societal rica em todas as suas variantes da Cultura benéfica para a motivação e beleza do espírito, como o desenvolvimento interior do indivíduo.
Sim, essas ondas do Bem e do Mal existem e cada pessoa tem maioritariamente um tipo delas dentro de si e age em conformidade com isso afectando inevitavelmente a sociedade em que se insere.
Cabe a cada cidadão estar consciente disso e exercer o seu papel, alertar e estar atento ao que acontece ao seu redor.
Quando vieres
Pela primeira vez
Encontrar-me
Vem com todo o amor
Do mundo
Que guardaste o nosso
No teu eu mais profundo
Quando o nosso coração fica num sítio diferente do peito, é porque foi arrancado de lá. Não, ele não viajou para o estômago nem se deu, aquando da pequena morte, ir para cabeça - embora se pense isso de muitos homens -, nem sequer foi atravessar a cavidade torácica para fora, não, por mais que seja essa a imagem quando se fala de arrancar.
A verdade é que ele ficou noutra pessoa. Passou pela boca e foi deixar-se no outro. Como uma bactéria fulminante. Mas nem sempre no que toca ao receptor. Porque invariavelmente quem fica doente é quem era o seu original portador. O coração já não é da gente. E nós que vivemos com o coração deixado em alguém parecemos tuberculíticos, definhando em angústia e conformação.
Não te preocupes, eu sei a m*rda que tu és. Eu também sou. Eu amo-te na mesma, porque sempre te amei, desde o princípio dos tempos em que nada tinha existência senão aquela nebulosa olho de gato.
Mal te oiço e sai um meio angustiado "ai, meu amor", porque ainda cantas o nosso secreto fervor e eu desatino no que é dor que dói e ardo no fogo que se faz ver.
Sempre.
Eu tenho estado aqui num limbo, apenas poucos dias, e tu estás sempre, no ar que se infilra nas minhas narinas, esse cheiro de mar, ó meu amor, vem me encontrar.
quanto lutei eu contra este sentimento, em vão e estupidamente. Um dia, deixarei de existir e aí sim, não te verei mais. "Queria tanto você aqui", mas não, queria era estar contigo onde quisesses estar, porque onde tu estás é também o meu lugar.
Tenho saudades do que prometemos em surdina e telepaticamente. Lembras-te da gente?
Escreve-me uma carta a dizer sobre o quanto me amas e a detalhar as coisas que gostas em mim, e que me escutarias até ao fim dos dias; que a minha voz é a mais bonita e eu sou a pessoa da tua vida; que cada célula do teu corpo também sou eu e que tudo o que fazes de bonito tem-me a mim no pensamento.
Escreve-me num papel com marca d'água e fecha o envelope com lacre vermelho da cor do coração.
Escreve-me a dizer que estamos perdoados, pois não há o que perdoar, que me perdoas e me pedes perdão e que sempre teremos a nossa eterna paixão. Diz lá também que não há ninguém acima de mim nas tuas prioridades, pois eu sou a pessoa mais importante do mundo para ti.
Escreve tudo em letras por extenso e não em maiúsculas como quando escreves as tuas letras e listas. Mesmo que fique em gatafunhos, eu vou entender tudo o que querias dizer nesta carta que te pedi. Diz que me vais escrever mais cartas com tudo o que passaste e sentiste (inclusive as tuas queixas, nomeadamente de mim também), para que eu saiba que nunca nos perdemos no automatismo do dia-a-dia e nas mudanças que vamos tendo em nós.
PS: aquilo que te disse uma vez sobre as mulheres serem ardilosas, aprendi essa frase dita por um personagem a fazer de árabe numa novela vossa, quando era adolescente, e eu fui me apercebendo como as mulheres eram mesmo assim e eu nunca fui, porque acredito em ser completamente honesta e dizer o que sinto, para poupar sofrimento a todos. No entanto, causei-nos sofrimento na mesma.
Volta e meia, vinha a questão de como é que eu te amo a ti que és igual a mim, não gostando eu de tanta coisa em mim e do que sou e do que não fui capaz de fazer por mim. Só agora entendi. Amar-me a mim, não é tanto assim nessas mil coisas, mas inevitavelmente tenho amor por mim, deve ser no caso como quando se tem por um familiar de quem não se gosta mormente da personalidade, etc., mas que sempre se amou enquanto tia, ou tio, ou o que sempre foi. Um amor inevitável, sem explicação, é e pronto, porque se for a responder a "porquês" não tem muito aspectos que se salvem.
Ainda assim, tenho um certo fascínio por ti em vários detalhes teus, imagino que seja por ter sido tão apaixonada por ti e ainda gostar tanto desses pormenores que são muito teus. Amo-te tanto, meu amor. Mesmo que nunca tivesses acreditado que era um amor bonito e não doente. O meu maior desejo é que voltes a lembrar dos momentos que eu te pareci perfeita, ou não tão horrível quanto depois me fiz para me largares. Esta coisa de nos irritar o que mostramos e que na realidade nem somos muito, senão personas que surgem contaminadas mediante estímulos dos outros, como reacções automatizadas de defesas primitivas. Em essência somos iguais também, a mesma simples confusão. Dois de nós no mundo..., que chatice, né? Ao menos alguém beneficiou com isso.
🤷🏽, complexa, mas sei que tinha mania de justiça pra oprimidos e amar desgraçados como eu, porque são os que mais precisam.
Afinal, o que eu queria, era que me tivesses dito que me amavas mais do que a vida, como eu te amo.
Como é que se enterram amores que não morreram e que, às vezes, pelo contrário, parece que acabaram de nascer, relembrando-nos do que é mesmo sentir-se vivo em explosão de sentimentos em festa?
Renascem com pujança, coloridos, quase com um toque de carnaval e fanfarras, trompetas soando no Olimpo a anunciar o reacender da chama no peito.
Enterros impossíveis, os de quem não morreu; querer matá-los à força, alguma vez resultou?
Lembro-me de quando o detestei sem nunca deixar de o amar. Lembro quando me irritei, mas foi também por amá-lo. Ao outro, nunca cheguei a ter esta troca de sentimentos nem tão imensamente intensa. Só um carinho muito grande nesse amor. A paixão pelo outro é que me fez entrar também em desatino e ultra-defesa, afinal eu sou quem a fugir tem mais destreza. Nunca ninguém conseguiu prender-me totalmente, acabando eu por perceber que tive na vida uma meia dúzia de propostas de casamento de pessoas a quem dei sempre para trás. Porque é que eu não fui nascer uma pessoa simples e fácil de se decidir, é uma chatice mesmo e assim nunca saberei como teria sido. Partindo do princípio que nesse caso eu conseguiria estar numa relação e ultrapassar a fase de quando parece que o amor acaba, ou a paixão, ou as duas coisas, e aí lembrar que haveria hipótese de continuar e reacender tudo com a mesma pessoa, sem ser num estado perpétuo de relação tóxica, mas realmente tendo alguém como verdadeiro parceiro, completamente honesto, decente e leal... e não, não seria este caso em que seria adepta de assumir uma espécie de pan-sexualidade e não-monogâmica..., pois já deu para constatar que paixão envolve posse mesmo e daí ciúme, nem tanto pela insegurança, .. eu, hoje em dia, tenho um profundo nojo de gente traidora e não somente pela questão das DST, tipo no velório do personagem Charlie dos Two and Half Men, o desfecho foi bem louco.
Bem, isto já está a alongar-se demais e como a única pessoa que eu amo e com quem havia de me casar não existe senão na minha cabeça (como ele próprio me disse quando me rejeitou), também não vale a pena ter escrito mais um texto vão sobre o amor que deu sempre confusão.
Quando eu morrer serei um anjo, daqueles que voa e vem cá abaixo só de vez em quando. Um anjo de asas brancas como nas ilustrações. Afinal, eu sempre quis voar, não é verdade? E também houve quem me chamasse de anjo cá na Terra, mesmo quando eu não me sentia muito angelical.
Finalmente, acho que já sei o que sempre procurei mesmo: alguém que ao me encontrar pela primeira vez não me visse como uma desconhecida, como alguém superior ou inferior ou indiferente; e que me reconhecesse, como se eu não fosse alguém externa a ela, diferente do que ela é; e que me amasse como eu sou; além dessa pessoa ser uma pessoa sempre atenta, bondosa, generosa, honesta, decente e leal.
É possível que eu não tenha conhecido alguém tão genuíno e tão falso ao mesmo tempo, quanto tu. O teu ar de espontâneo espanto, meio embasbacado, meio aturdido, o teu riso arreganhado sempre jocoso, alternando em silêncio e gargalhada sonora - convulsões corpóreas.
Essa mistura desesperada muda de cinismo, sarcasmo e um misto de resignação, que só tem explosão em ocasional ocasião.
E lavas o sexo e quando te olhas ao espelho não te demoras, senão a treinar poses e pequenos gestos: lábios, olhos, mãos, cabelo. És um arquitecto de emoções.
Planifica-as como se fosse um maestro a dirigir cada secção de instrumentos.
Hoje em dia, tal como naquele ano de 2014 em que tomavas comprimidos, a depressão não te permite muito. Foste um homem que matou e matou-se a seguir. Tens covas nos olhos e dedos e contorno do rosto mais grossos, como incha a negação. A minha frustração, em vez, deve ser como a raiva que corrói o fígado e o estômago, seca tudo.
A tua falta de profissão e a minha não nos tornaram vagabundos. Somos errados, nada errantes, atrofiados em nós mesmos nas masmorras de quem nos deu vida.
Pela primeira vez penso em morrer e não me dá tristeza alguma. Parece que cheguei a um ponto, que não esperava chegar, de não só não me importar em morrer e querê-lo desde criança, como já não haver qualquer coisa que me dê qualquer rasgo de esperança ou de motivo para que deva continuar a sofrer de forma ilimitada todos os dias da minha vida sem nada de bom para suplantar a dor.
Desta vez, a racionalidade e claridade são tantas que até poderiam me assustar. Não é como de todas as outras vezes em que era apenas fruto de um desespero cortante. Penso na Dai e no Gabs e como lhes queria dizer mais uma vez que os amo, mas já disse tantas vezes e, na verdade, entendo conjuntamente a isso que nada do que eu disse seja a quem for importou ou importará. Eu não existo para as pessoas (principalmente não para quem eu poderia querer mais do que tudo, o "meu mar"), ninguém sente de tal forma a minha falta que eu de facto vá fazer falta, por isso é que é bom e foi bom o que fiz.
Eu era leve como o vento e ele soprava e me levava. Eu espero que me leve para bem longe e eu nunca mais volte.
Como é que sei que realmente gosto muito das pessoas (e também não tanto de outras)? Depois de estar com elas acabo por ficar com saudades e relembrar certas coisas.
Se eu sei quem é o amor da minha vida, por que raio é que havia de me pôr a andar com outros?
Mesmo que eu nunca o tenha, não faz sentido nem quero estar com mais ninguém que não ele.
Depois de tudo o que passei e tudo o que já sei, até pus à prova, mas não dá para ignorar que só é ele, sempre foi ele. Digam o que disserem, eu não quero mais estar com outra pessoa se não for ele.
Eu sou verdadeira ao que sinto. E eu sinto muito.
A única razão que eu poderia ter para continuar viva, depois de tanto sofrimento, era estar nos teus braços, mas tu não existes, não me quiseste, não gostaste de mim e nunca hás-de querer estar comigo.
Eu estou exausta há décadas. Não quero mais nada disto diariamente este inferno de viver com nojo e raiva e frustração de estar no sítio errado. De não ter tido direito a ser feliz de verdade, a fazer o que eu queria, a ir onde eu queria.
Eu esperei por nós tanto, que a minha esperança foi a última a morrer, um pouco antes de mim.
Vivo em vertigem
Quase parada
Mas inebriada
Pela vida
Que ora me inunda
De Beleza
Ora me inunda
Pela pobreza
Ora me abalroa os sentidos
Ora me revolve os intestinos
Ora me alerta os instintos
Ora me desafia fatal
Ora me enobrece e altiva
Me põe doente
Com Síndrome de Stendhal
Entre nós, há só sombra, mágoa e dor e ressentimento,
há saudade de um tempo
que não existiu nem volta mais
há febre e tormento
há vitória
de estarmos sozinhos a glória
que no fundo
não bate a memória
do tempo em que éramos iguais
sempre fomos
totais
Em quantos eclipses é que roguei que te eclipsasses do meu coração?
A porra da lua continua cheia aqui..
Eu fui formatada para amar quem não me ama e me trata mal e com indiferença, como desde bebé (em que a única pessoa que tenho memória de que me abraçou foi por vezes a minha avó, ou pelo menos não me afastava logo quando eu a abraçava).
Eu só queria que alguém me abraçasse e não me largasse logo, só isso. Obrigada a quem, raro, o fez depois sem outros objectivos.
Pensamento vadio do meu corpo imprestável, viajas onde eu não posso ir
"É difícil encontrar alguém que preencha todos os requisitos".
Ele preenchia, porque era ele e nem era preciso eu ter requisitos. Mas ele nunca achou que eu preenchesse os dele. E eu só queria que ele me amasse e me perdoasse.
O jeito com que tu me magoaste, sem cuidares de mim, sem quereres saber de mim, mesmo quando eu havia dito antes que não te queria preocupado comigo, acho que não dá mesmo para não lembrar.
Tratar como lixo quem tanto te cuidou e que tu quiseste cuidar por momentos também, é das coisas mais cruéis que podes fazer a cada um.
Se eu fosse como as outras que meramente te desejavam, provavelmente já não me terias tratado assim e qualquer outra não teria aguentado todo o desprezo.
Como te amei mais do que tudo e te guardei, foi bem fácil lixares-te para mim.
Flutuava uma chama naquela sala onde eles estavam suspensos, pressionados pela alvura das paredes. A janela por onde podiam respirar estava tão distante. Lá fora, uma escada caracol de ferro, lembrava as antigas, mas estava demasiado limpa com o seu metal negro reluzente, para ser uma daquelas de antigamente.
Havia um barulho mecânico a interromper o silêncio como uma catatua estridente lá nas austrálias. Eles foram ao engano.
O pecado é um dos maiores, não achas? Não cobiçarás a mulher do melhor amigo, ainda que saibas que ele é um traidor.
Uma chama flutua. E extingue-se. O fogo e o que ela queimou não se apaga da história. História pecaminosa. Foi assim que começou.
Desta vez, não queria que Setembro acabasse, mesmo que o refrão dos Green Day ainda ecoasse.
Lembrou qualquer coisa de há seis anos atrás, mas sem aquela leve e agridoce sensação de que teria havido uma paixão.
Desta vez, foi como se o Outono chegasse em mim pela primeira vez, porque eu mudei totalmente quando a descobri. Queria saber o nome dela, como eram mesmo os seus olhos doloridos mas o seu sorriso doce, e como era o tamanho do seu corpo, o seu cabelo, o nariz e a sua boca. Para que eu soubesse mais de mim, ou confirmasse como assim. Minha bisa. Obrigada. Depois de 23 de Agosto, sou feliz, porque naquele dia foi o meu fim.
Talvez eu antes não tenha tido ciúmes de ninguém, porque não pensava que outras pessoas me poderiam substituir já que ninguém era como eu era.
Mas tive sim ciúmes só de ti, porque eu estava longe e elas estavam contigo e tu não me amavas tanto assim.
Foi mais a minha impossibilidade de estar perto ali como elas, que me fez despoletar o tal do monstro verde do ciúme.
Ninguém sabe a força que eu tive de fazer para lutar contra mim mesma só para não entrar para te ver naquela noite. Tu nunca soubeste. Pensaste que eu não tinha ido porque não queria e até deves ter ficado aliviado, pensei, mas depois ao ver a gravação parecia que me procuravas, que me esperavas, que eu te tinha abandonado.
Se eu não tivesse feito forçadamente tudo para nos destruir em qualquer ligação que ainda pudesse haver, se eu não tivesse pedido ajuda e até aos céus rogado, onde estaríamos nós no sentimento? Em lado nenhum, não é? Dirias tu. "Porque a gente nem se conhece". E agora que eu já tinha feito tudo para ficar só mais uma louca, alucinada, viciada em ti, eu podia ter-te longe de mim, para me salvar, para nos salvar de todas as outras vezes.
Pensava que não tinha conseguido sanar o tal do karma, mas se calhar até consegui, porque desta vez não estivemos mesmo juntos. Toda a carga dos meus antepassados que lixaram os teus, eu não devo mais carregar. Acabou isso. Eu não tenho culpa, só errei do que fiz de propósito e disso também não estava apenas eu mesma a fazer. Nunca quis fazer-te um mal muito grande e todo o mal que tu me fizeste depois eu já sofri e agora só quero distância de tudo o que não é amor.
Se algum dia, alguém vier como deve ser, que venha com bondade, respeito e amor; alguém que seja diferente e um mais humano e benigno ser. Ele veio, mas não era ele ainda, pois eu não pude receber.
O maior remorso da vida é ter fugido do amor, não ter tido coragem para se entregar a ele e ter magoado a pessoa que mais amava.
(dps de ghosts of my girlfriends past de novo)
Não me digam que ele, o maior amor da minha vida, vai casar, não me contem nada. Eu não vou aguentar essas coisas todas de novo. 💔
Se acontecer que ninguém me conte nada, plmdds. Eu sempre a tentar afastar-me desde logo e toda a hora me puxam de volta.
No dia em que eu conseguir adormecer nos braços de um homem (provavelmente porque me sentirei completamente segura), eu caso-me.
[até nisso ele provavelmente seria o único a conseguir essa proeza. como eu tenho saudades de ouvir cantar..]
Para mim não existe mais ninguém, senão alguém que não existe.
Dizem que idealizamos às vezes para não querermos enfrentar a realidade. Mas eu neste caso sei bem que ele nem sequer é o ideal, apenas não há nem nunca houve mais ninguém que me visse e fosse eu também assim. Não existe ninguém para mim. E eu só o amo a ele.
Toda a minha vida eu tive medo do compromisso maior que é unir de facto uma vida à outra em vínculo social, matrimonial, etc. Porque vendo os meus pais a darem-se mal a vida toda, essa violência traumatizou-me. Também tinha medo de estar a contar com alguém e deixarem-me ao abandono, como tantas vezes aconteceu.
Enfim, não sei se alguma vez estarei melhor de certeza de tudo isso ao ponto de conseguir já não ter medo. Mas sei que tu foste o único com quem o meu querer falava mais alto e eu fui completamente tua sim, como deu, enquanto deu. Não há compromisso maior do que essa entrega total, não é? 🤷🏾☹️
É então o meu erro, que era suposto, que é o que te fará casar?
Eu espero nunca saber que casaste e que tudo foi como eu te disse.
Eu amo-te. E sim, é sempre, tem sido, mesmo que não acredites no infinito.
Para ti, eu fiz para ser só mais uma louca que te perdeu, pensando que era mais fácil para que o teu cérebro deixasse de gostar de mim totalmente e me esquecesse. Perdoa-me antes de ires e diz-me tu mesmo, e continua sempre muito feliz. Amo-te muito, meu tudo, meu irmão, meu tudo, minha parte de mim quase toda, minha confusão, minha doidice, minha parte separada de mim.
Não eraa mesmo tu, afinal, para ser desta vez. Desculpa. Esta a minha última existência, creio. Só se me segurares aqui depois quando for.
Dos meus mil fracassos, tenho um livro. Nele está a vez em que confiei num amor, num amigo, numa amiga, numa mãe de um amigo, num professor, numa melhor amiga, num melhor amigo, nos meus pais, nos meus irmãos, nos meus tios, nos meus primos, e todos eles me traíram.
Mentira, já queimei esse livro.
Porque passámos por coisas muito boas e muito más juntos. Foi tudo demasiado. Como amor "em tempos de cólera". O fim do mundo e nós, parecendo que não, escolhemo-nos. Claro que quem vem imediatamente a seguir à devastação, tu já vês como luz e amorosidade, mas esqueces-te que foi na verdade escapatória de uma semente mortal de saudade. Pois quem te viu a pior versão e mesmo assim nunca viu senão a tua pura essência, amando-se ininterruptamente, é quem contigo tem ligação de uma supernova e para aceder a isso nem dá para sequer tocar, basta olhar de soslaio e fugir, que ainda assim fica um rastilho a arder e que temos de pisar com o pé, com o sapato veementemente, como que a salvar de urgência o cérebro de enlouquecer tudo outra vez. Como agora, só com esta descrição em chorrilho, que é melhor já parar.
É só. E basta. Sempre. Muito. Demais. Inacabável. A potência de uma supernova.
Tu e eu somos a coisa mais certa. Mesmo sabendo que não demos certo. Porque tinha de ser assim durante este tempo.
É como se houvesse dois de ti ultimamente, aquele que foi tão horrível com tantas e aquele que foi carinhoso umas poucas vezes comigo. Portanto, aquele que eu abomino as suas violências e aquele que eu mais amo sempre em todo o mundo.
Sim, já te queria meu, mesmo sabendo que não é possível. Queria que o nosso tempo começasse já para que não se perdesse mais tempo.
Só ao ver-te feliz a sorrires e pensar que estavas numa boa, sem consciência, depois de todo o mal que fizeste a tantas mulheres, é que me apercebi que eu ainda não tinha sequer pensado - por causa de sentir tanta culpa pela chatice que te causei - que eu não te tinha também perdoado e que tu destruíste-me tanto que provavelmente quem tinha de me pedir desculpas e muito eras tu.
Eu perdoo-te por todo o mal que me fizeste, de propósito, vendo o meu sofrimento e desprezando-me sempre. Assim como espero que um dia também consigas perdoar-me.
Uma Mulher Negra é melhor do que todas as outras pessoas, em média. Ela é o berço da Humanidade. Foi quem pariu o mundo humano.
A Mulher Negra é a única que conseguiu ser mais corajosa do que todos. Primordial ser nesta Terra. Ela continuou doce mesmo depois de tudo o que enfrentou de guerra.
A Mulher Negra é anciã já quando nasce e visionária de tudo o que ainda virá nas tempestades do tempo.
Mas eu sou suspeita, porque eu também sou ela e também fui criada dessa ofuscante explosão estelar e de tudo o que há no pano escuro do Cosmos.
Queria pedir que ficasses o mais perto que conseguires. Hoje tive a boa surpresa de ver o teu risquinho a surgir no céu ainda de dia. Depois aumentaste no escurecer do pano. Eu fiquei tão agradecida por te ver e por sentir que nunca me abandonaste. Senti-me abandonada mais uma vez, antes. Gostava que pudesses sentar-te ao meu lado, aqui na cadeira da cozinha e que eu pudesse esticar-me e dar-te de imediato um abraço. Nada substitui um abraço, não é verdade?
Eu amo-te e sinto a tua falta. E sim, queria morar no teu abraço curvado. Como eu gostava de que tu tivesses existido ainda enquanto eu estava viva. Minha bisa. Minha tudo. Que tristeza que nos foi acontecer. 😭💔
Então foi ela quem me "rogou a praga" pelo que eu causei naquela altura, mesmo não tendo sido ela verdadeira e justa. Hmmm 🤔👍🏾 nice to know and realise finally what the fck happened.
Ainda no outro dia, "foram descobertos seis novos mundos à deriva num berço de estrelas a 960 milhões de anos-luz" da Terra.
O Universo continua a expandir-se. Nós continuamos a viajar pelo sistema solar com o sol em pirueta infindável.
Nos triliões de galáxias e incontáveis anos-luz de existência do Cosmos, aparecemos nós, breves e sós.
Os nossos mundos encontraram-se e rapidamente colidiram. Não foi um big bang, é mais a densidade onde não cabe mais nada de um buraco negro, que ao contrário do que se pensou por séculos nunca foi um buraco vazio.
Para quê tanta coisa enquanto não morremos a olhar para uma elipse?
Estava a pensar em todas as pessoas que eu tive de deixar por não poder estar com elas fisicamente e querer que elas fossem felizes sem terem de levar com a minha desgraça de vida.
Todas me custaram, muito. Mas perder-vos aos três é o que me custa mais. Pensar que vocês são felizes é muito bom. Pensar que nunca mais vos vou ver e que vocês nem sequer se lembram de mim, dói. Mas é melhor assim para vocês e, por isso, para mim também. Nunca suportei saber-vos mal. Como vos amo tanto só quero que estejam o mais bem possível e é um bocadinho como se pelas vossas alegrias eu vivesse um bocadinho também sabendo que estão alegres. Porque dói demais quando estão tristes em sofrimento.
Cada um tem de viver a sua vida e lidar com as suas dores, embora eu sempre tenha sido apologista daquela coisa de "dor partilhada, dor aliviada". A carga de facto alivia quando se tem alguém com quem contar ou mesmo apenas para contar. Dissipa-se bastante, parecendo que sai mesmo literalmente de nós. Eu nunca tive esse apoio, senão há pouco tempo, de poder de facto ter a troca da escuta, com leveza até. Era difícil falar sobre as dores horríveis diárias que o meu inferno pessoal implica. Antes ainda escrevia sobre de vez em quando. Hoje em dia já não tenho necessidade de nada disso tanto, pois processo muito melhor tudo o que acontece. Daí que já não tenha necessidade de dizer a alguém para desabafar sequer.
É bom viver mais leve, não é, meus amores? Mesmo que implique ser a leveza de um vazio.
Acabou-se o entusiasmo que eu tinha em relação a ter uma vida normal contigo um dia. Como se isso fosse possível para mim. O teu entusiasmo por mim levou-me a cogitar, erradamente, essa possibilidade. Quase como se realmente aquele desejo naquele dia há tempos atrás fosse afinal real e tinhas sido tu a pessoa nova.
Não posso enganar-me. Não há ninguém novo. São sempre os mesmos fantasmas brincalhões que destruíram o meu coração e saíram impunes.
Hoje fiz anos e mais uma vez não recebi nenhuma mensagem das pessoas que eu mais amo. Tu não eras uma delas, mas já eras alguém de quem eu gostava um bocado. Mas eu agradeço sempre por me livrarem de pessoas que não são para mim, que não têm a ver comigo nas coisas que importam realmente.
Eu tentei essa coisa de gostar de alguém bom e estar no que poderia um dia mais tarde uma relação saudável, mas não. Eles não são pessoas que me amem totalmente, nem realmente saudáveis sequer. Eu não sou uma pessoa normal e tenho de parar de sequer pensar que um dia posso ser. Pertencer aos burguesinhos, contribuir para tudo o que há de mal na sociedade insuspeitamente e ir a sunsets e brunches enquanto uma bimby faz a comida, supostamente.
Hoje pela primeira vez percebi o significado mesmo de que tenho de abraçar as minhas sombras e ser gentil com elas, não estar a odiar tudo de mau que eu sou. É tramado aceitarmo-nos como somos, especialmente para alguém como eu que desde criança tenta melhorar a cada dia (também vejo agora que por condicionamento de traumas). Mas ter chegado a essa ilacção já é muito bom.
Ainda olho, pelos vistos, o céu e lembro de ti. Até lembrei de como poderias estar a ver o céu também da tua varanda, como dantes.
Ontem tentei tirar uma foto a um céu estrelado, como não via há muito, num local pouco poluído luminosamente. Não ficou nada de jeito. Era para ter apanhado a ursa maior que pensei ter encontrado à direita.
Agora ainda está claro, mas é o fim do dia. Aqui sendo Verão o sol põe-se mais tarde, mas curiosamente apercebi-me de que deve ser mesmo quando aí se põe também, ainda que a diferença horária seja bastante.
Connosco o tempo sempre foi alienígena. Parava no teu sorriso. Eternizava-se no teu olhar. Acelerava nos teus lábios e na tua boca ora ia devagar deliciosamente, ora explodia. Tu que eras uma supernova. Tão brilhante no céu. Meu mar.
Será que apagaste todos os resquícios visíveis de mim? Ou ainda te lembras de mim com ódio e dor, quando não passas os dias a ser indiferente a mim? Não preciso saber, apesar de ainda me surgir a pergunta. Se tu soubesses o que se passou entretanto só consigo imaginar-te instantaneamente a socar algo. E o pior disto tudo é que foi só tudo e mais alguma coisa, o amor, em todas as suas vertentes e vertigens. Quem me condenou a esses amores gigantes sem tempo nem lugar?
O fodómetro é uma espécie de termómetro - não, não serve para medir o quão fodástico se é, nem muito menos quantas vezes a pessoa se fødeu, ou foi fødida, em quaisquer dos seus significados e perspectivas -, mas sim, tem a nobre função de aparelho medidor do quanto a pessoa se está a føder para o que não interessa.
Uma das correlações estabelecidas ao longo da observação empírica de uma vida, facilmente deduzidas sem grande necessidade de recorrer a muitos instrumentos do método científico, é com grande obviedade que com o aumento da idade aumenta a gradação do nível do fodómetro de cada indivíduo.
Aponta-se - para os que começam logo e antes mesmo com o "olhe que não", do contra, neste caso -, por exemplo, que enquanto crianças mesmo poderia parecer que não ligamos às coisas, porém há que notar as birras e o que lhes é importante, que na verdade, mesmo para eles, não tem qualquer importância naquele momento.
A especificação, assim como o aumento do nível no fodómetro, dão-se de facto com a entrada numa idade mais provecta em que o cérebro finalmente é aliviado de se importar com merdices.
Posto isto, muito bom envelhecimento e consequente aumento do fodómetro para todos! O meu está a funcionar que é uma maravilha - ao menos isso, já que o declínio do resto também é suposto 😅🤷🏽♀️
A dita intelectualidade não me atrai, nem a dita imbecilidade; os snobes e burgessos repelem-me com praticamente igual intensidade.
A minha personalidade almeja sempre a temperança e a bonomia. Sou essa balança que não se ateve a lutar pela justiça. Dizem que saio logo em defesa dos oprimidos, ora se não são eles que precisam de defesa, quem mais, sabendo o horror execrável que é me fazerem ser oprimida. Eu tenho sim essa força. Eu sei. Agora, mais do que nunca, sei de onde vem.