sábado, julho 26, 2025

Voz

 Como é que uma voz te pode salvar e ao mesmo tempo te matar? 

Uma voz que ama, que acarinha, que fascina, mas ao mesmo tempo te domina, te engana, de fragiliza e assim que te tem inteiramente te adoece, te vicia. 

Ainda assim, essa voz, uma vida inteira eu a ouviria. 

sexta-feira, julho 25, 2025

Nojo de Humanidade

 Deixa as crianças morrerem de fome 

Deixa os sem-abrigo congelarem 

Deixa as crianças sem educação 

Deixa as pessoas trans sem nome

Deixa os doentes a definharem

Deixa as mulheres sem contracepção 

Deixa as crianças serem violadas

Deixa o planeta asfixiar com a poluição 

Deixa as crianças serem exploradas

Deixa as pessoas serem entretidas

Deixa as pessoas serem cegadas

Deixa o consumismo esconder feridas

Tu precisas do teu conforto material 

Os bilionários precisam de mais 

Tu precisas de fingir que és normal 

Os ricos precisam de se sentir superiores 

Os bilionários precisam de mais 

Todos precisam mascarar os seus horrores 


 Esse misto violento 
De paixão e amor
Teu corpo sobre o meu 
Prende a respiração 
Devassa-me
A pele que explode
Em ondas ascendentes
Num voraz desejo
Em todos os poros 
As tuas mãos 
Acariciando cima abaixo 
Num levante mágico 
Que leva à loucura 

Onde estás 
Não sei
Porquê tudo isto 
Esta fantasia pura

 O amor não é algo que encontres, mas algo que te encontra. 

...

Tu perguntas por que não e eu pergunto para quê.

quarta-feira, julho 23, 2025

 "tu enxergas a alma do mundo com olhos de artista" 

hehehe não serve de nada, conforme as pessoas, no mundo real, faz sentido 👌🏽🤣

terça-feira, julho 22, 2025

Do inferno

 O inferno é na Terra, onde todos os dias violam crianças, matam, estropiam, e fazem tantas outras coisas horrendas. 

Fazem uns aos outros e a si mesmos. Aos animais, aos habitats, aos elementos da natureza. 

O ser humano tem deuses falsos para justificar a sua existência idiota e ele próprio é o diabo dos animais. Neste inferno que criámos e para o qual eu nunca quis vir, todos os dias da minha existência tive problemas físicos. Tive esperança várias vezes que o meu inferno pessoal terminasse, que eu finalmente morresse e não tivesse mais de sofrer todos os minutos com a barbárie que me faziam. Não tive ainda essa sorte. Pior, ainda me meti em mais trabalhos. E agora vivo todos os dias a sentir-me culpada e a não entender completamente como me deixei afectar e até contaminar por tantas pessoas, ao ponto de ter imitado os seus comportamentos por tempo suficiente para fazer muito mal, especialmente a mim. 

Com tantas mortes de pessoas da minha família, lembro das pessoas famosas e não só que se suicidaram. Sempre tive um bocado de inveja delas. Sempre queria ter tido a coragem ou a falta da hiperconsciência que me trava sempre nos momentos mais desesperadores. Já vi e vivi tantos horrores para mim. Mesmo assim, digo-me sempre: pior estão as crianças estropiadas, etc., e as que são obrigadas a casar com homens velhos.

É, a merda do inferno na Terra, só fica mais e mais quente ultimamente. Ele é de tantas estirpes e locais, mas é um todo que infelizmente tem como cúmplices os ditos normais. 

 Não olhar

Não ter medo

Não acontece

Não penses 

 Se for agora que é de vez, com a úlcera ou o que for, quero que saibas que não foi nada bom, senão te conhecer. E lamento por tudo o que fiz de errado, claro. 

Tom

 Ele tem o mesmo tom desiludido com a vida do que eu. Às vezes surge um tom mais doce, algo paternal, outras vez um tom mais assertivo e final. Também tem aquele tom de quem ri. Mas também o que faz graça sem se rir ao mesmo tempo, só depois. Esse tem um tom também de chalaça. Há um tom de desgraça: esse é fundo no pesar, ou então é sonoro gritar. Tem o tom maroto acompanhado de jeito afoito. Tem ainda outro tom, que me faz ficar num oito. Há o tom que me atravessa, me devassa, o que me devasta e o que me despedaça.

Todos acompanhados de um olhar quase de cada vez diferente. 

Quase me esquecia do seu primordial tom de espanto. É tão basal quanto o seu tom de pranto. 

Música

 A música está mais acelerada 

Como os indivíduos e os tempos 

Em síncope e sincopadas

Ritmos curtos e ofegantes

As mensagens mais endiabradas

Reflectindo o inferno que vivemos 

Somos o que ouvimos e o que lemos

Mas mais o que fazemos

Nessa vida toda errada

 Abrir os olhos 

Tirar as lentes rosa dos óculos 

Enxergar até o veneno nos ósculos

 Quando toda a gente que mais amaste deixou-te para morreres sozinha, é que finalmente acordas, partem-se as lentes cor-de-rosa com que vias tudo e todos e vês como é que são mesmo as pessoas, e desistes de esperar que elas sejam melhores do que na realidade sempre foram. 

 Quando és completamente honesto 
Ficas inteiramente nu
Tudo o que é funesto
Deixa de ser tu

 Não esperes que eu deixe de te amar
Eu esperei, antes tentei e até lutei
Mas hoje dei por mim novamente 
A sentir-me condenada irremediavelmente 
Apaixonada por alguém que me detesta
E que eu só vejo este sentir como doença 

segunda-feira, julho 21, 2025

Um amor de nós pretas

 Como com todas as coisas, ninguém precisa de acreditar no amor, porque ele existe se existir e pronto, um dia há-de vir. Como volta e meia vem em ondas que ninguém tem, mas que todos sabem sentir quando vêm. 

O amor não salvou quem tanto o teve à sua volta. Embora enquanto ela esteve por cá se sentiu salva por ele. Em tantas formas que se viu, que se sentiu, que veio em ondas bater. 

Estar ligada nessa grelha de afectos com o coração, ainda não me desligou mesmo passado tanto tempo e tanta desilusão. Ainda somos todos o mesmo, com pequenas variações. Sentimos e levamos com as mesmas ondas de rádio. A cura também era assim. Um oásis na dor era feito de amor, não tenhas dúvidas. Fui sim amor infinito em alma penada, sei, mas nunca quis nada. Aconteceu e eu fui também a ele subjugada. 

Entre o amor e o ódio

 Entre o amor e o ódio, está o medo. No início e no fim. É sempre o mesmo enredo. 
Medo de amar e até odiar por medo. Medo de ser ridículo, de ser enganado, medo de estar perdidamente apaixonado, medo de estar condenado, medo de ser ultrapassado, substituído, ultrajado, medo de amar e ser amado. Medo de não ser amado, medo de ser controlado e vilipendiado, medo de ser injustiçado. 
Entre o amor e o ódio, um rio que chove.
 Tanto barulho 
Não há paz
Tanto entulho
Não se é capaz
No meio da pressa
Quem dá não leva
Ninguém se interessa
Por quem fica atrás 

 Da sublime subtileza de passar entre os pingos da chuva. Eu sei. Eu fui a vida toda. 

sábado, julho 19, 2025

 Só se pode amar verdadeiramente alguém se aceitar a pessoa como ela é, gostando e acolhendo-a; esse é o amor incondicional. 

Os cantores românticos e as suas musas

 Eles não são do tipo romântico 
Só cantam as canções 
E põem as moças com ilusões 
E um coração frântico

A mim fundiram-me o fusível 
Fizeram de mim a mais terrível 
E nem me perguntaram opinião 
Não ganhei nada nem um tostão 

Todos eram afinal actores
De uma peça que comandaram
Eu andei alheada a todos factores 
Enquanto me ludibriavam

Fui um peão manipulado por reis
Um daqueles que não chega ao fim
Para ter a devida dignidade das leis
E ser rainha por justiça a mim

segunda-feira, julho 14, 2025

Não posso dizer o mesmo de vocês

 Eu sempre te defendi 
Não posso dizer o mesmo de ti 
Eu sempre estive lá para ti
Não posso dizer o mesmo de ti
Eu nunca te deixei para morrer
Não posso dizer o mesmo de ti
Eu sempre te alimentei
Não posso dizer o mesmo de ti
Eu nunca te ignorei
Não posso dizer o mesmo de ti 
Eu sempre te amei
Não posso dizer o mesmo de ti 

domingo, julho 13, 2025

Esse amor que esqueço

 Esse amor rarefeito 
É nuvem passageira 
Nem se vê direito 
Numa vida inteira 

Nem é como o outro 
Que foi densa neblina 
O meu amor é d'ouro
De tolos ele se ilumina 

Mas não há eternidade 
Nesse amor que foi festa 
Tão bonita como o luar
Agora só a saudade resta


Amputação

 Foste arrancado de mim
Amputou-se uma grande parte de quem sou
E hoje em dia vejo crianças desfiguradas
Com as suas partes amputadas
A tentar sobreviver num cantinho em Gaza
Mas com vontade de morrer na sua casa
Depois de tudo o que se passou 
Já nada de nada sobrou
E este buraco gigante no meu peito
Agudizando e me encolhendo de dor
Sabe que um dia fui mais só amor
Mas que rapidamente se tornou 
Na pior coisa que já senti
E de que não tive controlo 


sábado, julho 12, 2025

Ilusão, o silêncio das estrelas

 Às vezes sinto-vos à beira do precipício 
São raras vezes mas vem-me a sensação 
Do vosso aperto no coração e estômago 
É de ti, dela e dele que me acontece
Como se o céu escurecesse e chovesse
Como se a agonia fosse coisa líquida 
Que nos banha mas não nos lava
Meus outroras mais-que-tudo nesta terra
Eu não sei mais o que vos falasse
Por isso apenas tenho silêncio nas mãos 
E nada dou porque esgotei tudo o que dei
Afinal vocês tinham razão e tudo passa
Ao contrário do que eu acreditava 
Naquele infinito intenso palpável 'monolito'
Também graças a vocês aprendi que não 
Que era e sempre foi minha a ilusão 

A verdade mais simples de todas

 Basta dizeres a verdade mais simples de todas: eu amo-te e não quero que te vás.

Simão

 Deixei-te cair
Deixei-te morrer
Não consegui mais segurar-te
Não consegui mais dar a mão 
Quis largar-te
Perdão 
Não aguentei que acabasse
Sempre soube que ia acabar
Não tolerei o tormento de não saber
Quando é que ia acontecer 
Mesmo que tu me cantasses
Que o nosso amor não ia morrer
Eu quis acreditar de cada vez
Mas no fundo não consegui
Eu nunca tenho direito ao amor
A doença me agarrou pelo pescoço 
Me sufocou
Eu só quis respirar 
Só queria tudo terminar 


Ada

 Vivia abilolada
Estava apaixonada
Tão envergonhada 
Foi humilhada
Gozada e desdenhada
Pensou-se acabada
Condenada 
Amaldiçoada 
Eternamente atormentada
A culpada
Até que um dia do nada
Viu-se libertada
Deixou de estar enganada
Viu que foi mal passada
Um rascunho e rasgada
Pior que foi queimada 
Censurada e cancelada
Bloqueada e esnobada
E agora que está acordada 
Ada já não é dominada
Do dono que a tornou resgatada
Quando foi por ele buscada 
No canil onde estava abandonada 

sexta-feira, julho 11, 2025

Já não tenho saudades de ninguém

 Esgotei as saudades 
Porque tive-as diariamente 
Sem parar
Sempre a jorrar
Como cascatas todas juntas
E às vezes alagavam tudo
O peito doía tanto
Que a água saía pelos olhos 
Agora já não as tenho 
E ainda bem 
A dor e as decepções 
Sempre aniquilam tudo
Pela acumulação do sufoco 
Nunca foge à regra
Até já tinha perdido esperança 
Mas finalmente acabou a dança 
Entre a dor e as decepções 
Apagaram-se as ilusões 
Voltei a ser pura feliz criança 

 vivo distante 

mergulho no Outono dos dias

já não olho as suas sombras 

apenas as minhas maresias 

e vem a tal da melancolia 

que vive de escombros

de tudo o que foi alegria 


(no insta a 10-07-2023 c música arabesque de debussy por tomás wallenstein) 


quinta-feira, julho 10, 2025

 Onde puderes, planta árvores
Mesmo que na volta do caminho 
Encontres um pardalito morto
E fiques instantaneamente frio
Enregelado pelo assombro
Dos fantasmas regressados

A honra importa 
Mas mais ainda a educação 
A bonomia do ser
Que veio para a imperfeição 
E melhorou-se para viver
Não numa falácia feliz
Mas com audácia desde petiz

Porque amar é plantar 
Mais ainda do que semear
Mais ainda do que colher
Eu e tu somos tanto
Homem ou Mulher 
Tanto faz
Somos do Clube do Espanto


(dps de ter ido visitar a Sandra, o Faria, o Nuno e a Elisa ao novo metro)

 O Amor permanece 
Algures
Apenas mudou de lugar 
O Tempo 
Implacável contador
Vira as páginas 
E um dia grita:
'Free at last, free at last!'
Mas nunca sei na hora 
Só confirmando atrás 
Fazendo contas
À enfraquecida memória 
Noutro finalmente 
Encontro-te nenhures 

terça-feira, julho 08, 2025

Arranha-céus, mata crianças, destrói tudo

 Incomoda-me tanto paraíso destruído 
Por arranha-céus a fazerem de abrigo 
Será que ninguém vê o perigo 
Em que meteu o seu irmão? 

Torres desmoronam-se
Vão afundando
Derretem 
Implodindo
Em ruínas metem
Tudo o que está ao ladinho

Selvas de betão concreto 
Erigidas com imponência 
Por quem se sente impotente 
Não são imunes a terramotos 
Saem impunes dos esgotos 

Não pagam coima de nada
Matam o céu e a estrada
Os pássaros e os quadrúpedes 
Os meninos que brincavam
Livremente estão bicúspides
Com falta de ar e saltos
Agora caem duros no asfalto 

no meu insta c fotos e música Villa-Lobos tocada por Djedah

 - Li Sócrates, Platão e Aristóteles quando tinha treze anos, assim se sucedeu porque me refugiei de extremas violências fascistas de que desde sempre havia sido alvo em todo o lado (tendo eu nascido em 1981, ainda levei com resquícios de skinheads, etc.) - que me faziam querer nunca ter existido - numa biblioteca municipal. Acho que a minha necessidade de entender porque é que as pessoas eram como eram fez-me procurar nessas áreas, começando na filosofia e psicologia, passando por antropologia, enverando depois pelos mistérios policiais como os da Agatha Christie e derradeiramente por alguns dos grandes romances históricos, como os dos russos mais existencialistas  e os sul-americanos mais realistas. Poucos, mas muito bons. 

Hoje em dia, com fascizóides a lerem no parlamento nomes estrangeiros de crianças com a minha cor - que felizmente vejo serem muitas, ao contrário de mim que era a única assim nas minhas turmas sempre -, para instrumentalizarem mais uma vez o ódio deles, tenho andado novamente a pensar em como não há qualquer solução para sociedades que perpetuam ambientes violentos e egotistas. Espero que todos os miúdos que viram o seu nome tornado em arma contra eles, assim como já sentiam sobre a sua cor, possam nem sentir essas vozes odiosas porque são abafadas pelo amor das suas comunidades. Eu, no meu caso, tive esses filósofos e os livros, a arte e a cultura, a busca por uma nesga de beleza, sobrevivendo ouvindo música alto para abafar o imparável mal que me assolava a cada minuto, apenas para conseguir ter o mínimo de força para não me deixar matar por todos que sempre me odiaram só por causa de eu não ser igualzinha a eles. A luta continuará sempre. As nossas armas é que já são outras 🤞🏽🤞🏽✊🏽❤️





 Se não te permitiste
Sentir tudinho 
Como é que podes dizer 
Que o que estás a fazer 
É viver? 

 Porque o destino és tu que vais fazendo pelo meio do caminho, enquanto já o fado, em vez, é fatídico de tão fatalista: nem o caminho escolhes para aonde vais chegar. 

Como "matar (e renascer)' toda a gente

 Onde encontrares um deserto 
Sê uma enchente
Provoca um dilúvio 
Talvez o teu redemoinho de vento
Resulte num agitar tão grande 
Das águas com a terra craquelada
Que as tuas águas se tornem lama
Caudalosas e cabulosas 
Arrastando todo o mundo 

Mas no final 
Quando conseguires vir tu à tona
Finalmente voltando a respirar 
Acerca-te das rosas e outras flores
Que ajudaste a fazer brotar

Quem fez o mundo fodeus II

 Deus segredo
Deus pedra e nada
Deus de deserto 
Deus de madrugada 
Deus de água 
Deus de árvore 
Deus de terra sagrada 
Deus do amor
Da tempestade da dor
Deus da liberdade
Deus da Arte 
Deus em toda a parte 
Deus é amar-te
E o amor é fodido

segunda-feira, julho 07, 2025

Vida

 Lamento, mas já dei para esse peditório que é a vida. Dei de tudo, até ficar sem nada. Acho que ela é uma filha da puta sugadora de forma desmedida. Nunca lhe achei grande piada, nem pela "ironia da vida". Nunca lhe vi salutar alegria, nem felicidade que fosse merecida num mundo onde todos são eventualmente podres, até ao facto de matarem criancinhas.
 As festas em que se embarca, porque só assim sentem que isso é viver, enquanto isso só lhes serve para esconderem o que não querem ver. Só se preocupam em ter e não no ser, no fazer e não no bem-querer. 
Nunca quis vir para a vida, mas como vim lá tive ser um bocadinho paciente, esperar até morrer, meio vagabundo meio louco ao olhos dos doentios normais. 
"Achas que alguém queria esse trabalho todo?", "Acho. As pessoas estão lobotomizadas. Senão não se davam a isso. Já imaginaste se todas as pessoas que não queriam simplesmente então não se dessem a isso? Pois, é simples. Pior cego é o que não quer ver. Mente." Detesto pessoas falsas, hipócritas e mentirosas. A vida está repleta delas. Nunca conheci alguém coerente. 

sábado, julho 05, 2025

Dono do Infinito

 Escreve tu 
Este poema
Triliões de galáxias 
Universos intermináveis 
Nada de matéria 
Nós instantes finitos 
Eu sempre estive ali
Na terceira dimensão 
Do Tempo
O espaço é infinito 
Como eu e tu
Que não existimos 

 É tudo uma questão de luz e de luminosidade. 

Sossego, paz e inutilidade.

sexta-feira, julho 04, 2025

Status ego

 Eu já não sou a mulher-pássaro, nem a Storm dos X-Men, nem sou a Insónia.

 Eu já não sou. Senão a que flutua. 

Esse conflito

 Esse constante conflito 
Em que vivo
De detestar o poder
Que tens sobre mim
E no entanto 
Só pertencer a ti
E sentir que sou tua
Como um dobby ao amo
Ou como os alienígenas 
Eternos gratos ao sr. batata

mais uma tentativa de bio pro insta (esta nem pus)

 A woman under ancestry influence:  Portuguesa de nostalgia (alentejana de sossego), Espanhola de intensidade, Indiana (goesa) de pacifista, Tanzaniana de amável, Chinesa (macaense) de ex-workaholic. 

É só uma necessidade essencial

 Eu não consigo nem dizer mentalmente que eu não preciso de ti. E esse é um dos primeiros passos para acabar com a dependência emocional. Ou seja, continuo naquela cena. Eu não minto, eu sei o que sinto. Eu não preciso de ti para algumas coisas, mas tudo é varrido de antemão porque eu preciso de ti para ser, para existir verdadeiramente enquanto eu, para respirar fundo, para viver nos teus braços, no teu céu.

quinta-feira, julho 03, 2025

 A ausência não é falta
É paz
É bálsamo benigno 
Cicatriz dos signos
Que um dia chocaram
E hoje sabemos
O homem melhor 
É aquele que se conforma
Com o seu destino 

Da Solidão

 Hoje li uma frase em inglês que dizia que a solidão não é quando estás sozinho, mas sim quando não te consegues encontrar dentro de ti mesmo. Isso fez-me total sentido como explicação para a única vez em que me senti sozinha, porque me tinha perdido de mim e precisei de me lembrar de quem eu era. Também senti-me algo só no mundo quando enquanto no meio de conviver com pessoas me apercebi que não havia ninguém com os mesmos valores, prioridades, etc., dando a sensação que não havia ninguém para mim neste mundo com quem eu pudesse estar mesmo ligada. Mas de alguma forma sempre consegui ligar-me a algumas raras pessoas naquilo que há de profundo e isso, por mais que não dure em presença, é uma certeza antiga do que une seres humanos, é algo quase como um amor puro. 

 Só dançando na inutilidade podes usufruir da vida. 

A ditadura do propósito

 Existe uma pressão na sociedade que faz com que cada pessoa tenha uma função. Na verdade, a própria pessoa se sente desde pequena pressionada para responder ao que é que ela quer ser quando for grande. Dizem que um sentido de missão, ou de propósito, uma sensação de perseguição de um objetivo, faz o ser humano afastar-se do sentimento de inutilidade e depressão. Eu acho que entretanto fiz de propósito não ter objectivo, não depender de nada pois tudo eventualmente nos falhará, ser suficientemente bastante para si mesmo. Suportar pacificamente o facto de não haver derradeiramente qualquer propósito ou utilidade, de que nos possamos servir para afagar o ego e preenchê-lo de maneiras símiles. 

quarta-feira, julho 02, 2025

Deus não destrói crianças

 Pessoas normais são o maior veneno que existe numa sociedade podre. Elas são as que mentem e dão desculpas para não se enfrentarem nem ao que fazem, nem ao sistema em que se encaixam. São hordas passivas e coniventes, nada questionam e prosseguem contentes, como se tudo estivesse bem, e procuram só terem mais do que têm. Não escutam. Só falam. Têm os seus dogmas e acham-se mais além. São aquelas que não se dizem racistas, porém não querem viver perto nem ter como genro homens negros. 

Como homem negro que sou e nunca em vida verei acontecer a verdadeira justiça (como J. Baldwin e tantos outros), continuo nesta perplexidade de ver que as pessoas não enfrentam as suas piores maldades e ainda fazem pior para irem continuando bem consigo mesmas nos seus podres valores.

Deus não bombardeia países, nem destrói a vida de uma criança. 
Pessoas programadas destroem tudo. 

(dps de With God on our Side, de Dylan mas versão de Baez)

Como é que é possível? Alguém me explique por favor.

 Sonhar com alguém que não se conhece, ter um forte momento com essa pessoa ao ponto de se lembrar do sonho e ir pesquisar só para ver se a cara é igualzinha e é e clicar no mais recente post só para se descobrir que essa pessoa vai estar daqui a nada com a pessoa que eu mais amei nos últimos anos e que já cheguei a considerar a hipótese de ser o grande amor de todas as minhas supostas vidas? Tudo sempre me assusta um bom bocado quando acontecem coisas estranhas assim como costumavam acontecer. 

É sempre assim. Porque é que eu não consigo livrar-me, sempre que penso que estou melhor volta alguma coisa para mexer tudo de novo?

 "O artista está sempre em movimento. Quando ele fica obcecado com algo é quando ele pára, fica repousado ali", disse Renato Luciano algo assim. 

Amor

 Criador de todas as coisas 
Visíveis e invisíveis 
Suspensões, maquinações 
Ilusões e efabulações
Trinta maravilhas 
Vinte e quatro leões 
E um sereníssimo palhaço 
Dois domadores
De vinte corações 
Tropa de elite de um sono
Mil macacos não me mordam
Vinte e quatro escanções
Trinta mil aviões 
Despenharam-se nos corações 
Vira toca e mexe
TUDO arrefece
 Eu tinha começado um poema 
Depois me esqueci 
Deu-me uma certa pena 
Que tivesses dó de mim
Mas fiquei agradecida 
Porque afinal não era tão desmedida 
A razão que eu trazia 
Nem a tua graça nem o teu amor
Sei lá eu do que era
Se eras mesmo assim 
Se nunca estiveste afim
Mas eu sei que ele não se desespera
Espera um pouquinho 
Vem que é já está tarde
Pois já há muito tempo 
Que não faço senão amar-te 

terça-feira, julho 01, 2025

Nada a ver no espaço

 O desenho da tela cósmica 
Com filamentos como linhas
Iguais às palmas das mãos 
É assim que está desenhada
Com o caos na sua organização 

Mas enquanto as minhas mãos 
Continuam absolutamente vazias 
O Cosmos fervilha em expansão 

Não há fim para esta alegoria 
Que é o grande desconhecido espaço 
E eu que só quis o teu abraço 
Choro agora tudo o que doía

segunda-feira, junho 30, 2025

O mistério da vida

 De tudo o que não sabemos 
Mais aquilo que não perguntamos
Há o mistério da fé que é cego
E há o que não nos lembramos
Nem sequer queremos ver

Cada escrito é aceso
Por um rastilho da mente 
Percorrendo o braço até a mão 
Para que seja a caneta a expiação 

A teia desenhada na sua palma
Nada agarra senão o vazio
De quem sempre é abandonada 
Largada num qualquer trilho

Se o teu caminho tem flores
Tu ficarás com os melhores odores
Mas se ele tem é mais horrores
És capaz de ser empesteado de fel

A vida não tem comando
Em quase nada do que querias
Fazes o dia-a-dia caminhando
Só esperando por melhores dias

sábado, junho 28, 2025

Quis saber-te

 Quis saber de ti nos teus detalhes 
Quis saber-te o jeito do caracol do cabelo 
A forma como surgia uma covinha na face
E não era só quando sorrias, sabes? 
Costumava achar-te bonito no olhar
Independentemente de sombreado
Gostava muito de vê-lo emocionado
Brilhava mais e acompanhava-o um sorrir
Meio tímido, meio contrariado 
Mas nada batia o teu coração a abrir
O teu rosto à meia-luz iluminado
Tu sabias que eu não resisto a chiaroscuro 
Quanto mais essa nostalgia que o pôr-do-sol faz
O meu coração não aguentava, era demais 
Era quando te achava mais bonito ainda
Naquela calidez que a luz laranja traz
Eu romantizei-te demasiado a figura 
Queria elevar-te às alturas
Para nunca duvidares que eras o rapaz 
Que eu tinha escolhido para sempre 
Eu sei que afinal sempre odiaste-me
Mas deixa-me em paz, já tanto me magoaste
Depois de tudo acabar ao menos 
Finalmente posso ficar aqui a amar-te 
Ou ao homem que era só meu para esperar
Conhecer-te foi também muito bonito 
Quando eu era só tua e tu eras a lua

(não se esquece um grande amor assim?)

sexta-feira, junho 27, 2025

Precisas de tantas coisas assim(?)

 Precisas de tantas coisas assim?
Tens o coração doente 
A mente ausente 
Não sabes mais quem és
Só sabes dar com os pés 
Andas numa correria 
E não, não é de alegria 
Evitas parar 
Para não teres de lidar
Com o facto de que sempre
Tens uma exaustão premente
De ter acumulado porcaria 
Durante toda a tua vida
Sem olhar para trás 
Porque senão não eras capaz 
De continuar em negação 
A fugir da tentação 
Então sacodes os ombros 
E prossegues sobre os escombros 
Se tu nunca mudaste
Como querias que algo se alterasse?

(a 12jul., caro Ivi fez surpresa de declamar estrondosamente este na sua sexta no farol de poesia <3)

 Talvez eu tenha inventado de te amar perdidamente só para me perder numa fantasia imortal enquanto morria. Tudo o que padeci por ti ninguém o diria. 

Hoje eu senti a mesma coisa que naquele tempo de aflição, só que não sou eu a mesma agora. O tempo não mudou o tanto de amor que eu senti, mas grande parte virou a maior decepção e não eras tu que eu queria no meu coração. Mas sim alguém que me amou mais do que tudo como eu o amei. Só que tu nem sequer me amaste. 

Não parti de mim

  Eu ainda sou a mesma, não parti. Embora tenha o meu coração sido já partido amiúde e tantas vezes o meu corpo despedaçado e ainda mais profundamente a minha alma trucidada, ainda que menos vezes, ainda sou eu quem quis que estivesses bem e fosses feliz, que tivesses, em suma, tudo o que querias, fossem pessoas, vinho, alegrias mil, fantasias eternas de primaveril, rotundas e bojudas derrières, infinitas músicas e arcas de noés. 

Mas talvez tu saibas melhor do que eu, como sempre soubeste, consultando as tuas bruxas e livros, ou não, se eu sou de facto a mesma que te amou. Sei que não, mas não sei. Tudo aponta que sim. Mas não sei. Tu saberás melhor, como sempre soubeste. Deixo a ti a decisão. Como quando pesaste na balança e o meu coração não te valeu um quinhão. É, eu sempre fui a mesma, só a destruição que me atingiu mudou. Eu volto volta e meia ao que era antes no momento, aquele mesmo momento, em que não me deixei cair imediatamente ao balázio da bazuca no meu peito, apenas segui arrastando-me. 

Eu fui o outro

 Eu fui, até há pouco tempo, o outro. Fui primeiro os meus pais, depois a minha avó, depois o meu irmão, depois a minha irmã. Eu fui um bom bocado aquelas crianças que salvei na trilha, todas a que fui tomando conta ao longo da vida, depois aquelas mocinhas meninas coleguinhas, que tinham seus primeiros namoradinhos e eu socorria-as. Raparigas de meio corpo inteiro, meninas-mulhetes, meninos-amigos, primos, tios, tias, pessoas às colheres! 

Eu fui depois eles, meninos-homens, confusos, sem nunca deixar de ser todos os outros. É, fui acumulando ordens; "prazer, Sónia, às suas ordens". Primeiro manos, depois ciganos, primeiro platónicos, depois sónicos, primeiro amores, depois dores, primeiro serenos, depois eternos, todos com pelo menos um momento muito mau.

No final, desisti, quis só ser de mim, eu, sem ser outro que nunca fui eu. Fiquei sozinha porque sabia que nunca esteve ninguém para mim. 

quinta-feira, junho 26, 2025

Pirata com coração

 Se eu arrancar o coração 
E o puser numa garrafa 
Como pirata da solidão 
Atirá-la ao mar do nada
Será que chega a alguém 
Ou será que se afunda
No meio do oceano 
Sem nunca chegar a alguém 
Nem à fossa mais profunda
Nem sequer com escafandro?
 Tão raro e doente 
Quanto o mar leitoso
Esse fenômeno 
De que me chamaste 
O tal amor caudaloso 
De ser coração apenas
Transbordando
Em pura emoção 
Mesmo morrendo
De morte natural 
Com a tristeza chovendo
Um tempero de sal

quarta-feira, junho 25, 2025

 Eu nunca pensei que ia sobreviver 

Senão jamais este meu sistema 

Tinha só feito tudo para se defender 

E poupar todos da dor ainda maior

Hoje não falo mais sobre isto

Enterro tudo o que já foi

Sei as lições de cor

Contínuo na mesma luta

Para ir sobrevivendo 

E quiçá um dia melhorar

Parar um dia de sangrar

E ter a paz da felicidade 

De nada ser, sendo


Renascido

 Os grãos de areia entre nós 
O calor
Dois corpos abraçados bailando
Ao sabor da dor da música 
A multidão desaparecia
Os grãos de areia entre nós 
Eu pensava noutros
Sem saber que ele estava ali
Debaixo do mesmo céu
E chovia

Ponte incompleta

Eu fiz mais do que alguma vez alguém seria capaz por eles, tudo o que devia e podia ter feito, eles é que não cumpriram a parte deles do combinado. Eles cresceram e foram às suas vidas sem olhar para trás. 
Eu não errei. O meu bisavô arriscou e foi fazer um farol lá do outro lado do mundo. Eu não abandonei a minha construção. A ponte ficou incompleta porque o outro lado abandonou o projecto. Nem sequer havia projecto para eles. 
E uma ponte só se constrói se tiver os dois lados para a sustentar. Há uma geração nova de construtores agora. Com muitos e melhores materiais, mas os séculos passam e os erros deturpados são esquecidos e apagados. Daí que voltem a ser cometidos. Afinal os seres humanos são sempre mais ou menos iguais, como os nossos pais. 

Mente ao meu coração - Paulinho da Viola

 Mente ao meu coração

Que cansado de sofrer, só deseja adormecerNa palma da tua mãoConta ao meu coração
História das criançasPara que ele reviva as velhas esperançasMente ao meu coraçãoQue cansado de sofrer, só deseja adormecerNa palma da tua mãoConta ao meu coração
História das criançasPara que ele reviva as velhas esperançasMente ao meu coraçãoMentiras cor-de-rosaQue as mentiras de amor não deixam cicatrizesE tu és a mentira mais gostosaDe todas as mentiras que tu dizes
Mente ao meu coraçãoQue cansado de sofrer, só deseja adormecerNa palma da tua mãoConta ao meu coração
História das criançasPara que ele reviva as velhas esperançasMente ao meu coraçãoMentiras cor-de-rosaQue as mentiras de amor não deixam cicatrizesE tu és a mentira mais gostosaDe todas as mentiras que tu dizesDe todas as mentiras que tu dizesDe todas as mentiras que tu dizes

terça-feira, junho 24, 2025

dois grãos de um drão de Gilberto Gil

 "os meninos são todos sãos 

os pecados são todos meus

deus sabe a minha confissão 

não há o que perdoar" - há sim

"por isso mesmo 

é que há-de haver mais compaixão"

Colapso

 Sangria desmedida 
A vida por um fio
Fome e sede
Que matam
Não estanca a hemorragia 
Não há apoio em rede
Em dominós que colapsam 

mais uma tentativa d bio no insta lol

 Portuguesa de gema mas n mto d clara pq tem albumina e sou um pouco intolerante 😝

segunda-feira, junho 23, 2025

Eles não sabem que o sonho não comanda a vida

 Ele não sabe que eu o amo
E todos os dias o chamo
E ela não sabe que eu a amo
E todos os dias a chamo
E ele também não sabe
Embora eu já o tenha dito

Eles não sabem 
Que todos os dias 
Penso neles
Com tanto amor e saudade 
Procuro amiúde 
Para sentir mais pertinho 
E saber que estão bem

"the kind of love that sneaks up on you, I love you gumshoe"

sexta-feira, junho 20, 2025

 Dor da ausência 

A falta do afecto

A escassez do carinho

Humanos isolados 

Amor em falência 

Um egoísmo indirecto

Não sair do ninho

Relacionamentos acabados

 De cada vez

Que caio doente

De tanto sangrar 

Nunca é contigo 

Que posso contar 

Senão com um canto

De uma llorona distante

Que me ajuda a chorar 

Por dentro este magoar


(bleeding away. foto de pedaço de janela c dois pombos no candeeiro, no insta, Nostalgias de Silvia Perez Cruz e Juan Falú)

quinta-feira, junho 19, 2025

 Homens que acabam com mulheres tontinhas 
Mulheres que acabam com homens tontinhos
Essa é a definição primordial de casal?

Um homem de verdade

 Um homem de verdade tem compaixão 
Não sai por aí a destruir todo o coração 
Que vê como presa com o seu apetite voraz
Nem muito menos cobiça a do seu irmão 
Não se joga às brigas como um capataz 
Não é mesquinho e jocoso com os demais 

Um homem de verdade não tem segredos 
Não carrega com ele estúpidos medos
Que não enfrenta convenientemente 
Só para continuar a fingir que não mente 
E reinar num mundo como pobre vítima 
Atraindo um próximo que cai nessa rítmica 

Um homem de verdade não finge chorar 
Ele abre o peito, o coração e a mente
Deixa-se navegar e aprender com a alma 
E enfrenta bravamente o que ela mostrar
Sem dar desculpas nem obstáculos 
Ele não é de inventar ocos espectáculos
Onde só há explosões de fogos superficiais

Um homem de verdade é porque ele é homem e como é, como eu, que sendo
mulher, cometi um erro de rapaz e nunca mais fui a mesma pessoa. Esses comportamentos odiosos que só aumentam a culpa e perpetuam o ciclo do erro, porque é tão mais fácil ser um rapaz inconsequente do que um homem que é gente. 
 

quarta-feira, junho 18, 2025

20 anos

 Fica estranho
Essa coisa dos 20 anos 
Que eu disse antes
A ti também 
E depois aquele episódio 
Cubano insólito 
Mas agora ver-te de novo
Com ela ultimamente 
Quando te disse daquela vez
Que virias casado e feliz 
Foi a ela que eu vi mesmo 
Mas na altura não te disse 
Porque nem pensei 
De ser estranho vir ela
E não a mais recente 
As vossas miúdas parecem
Ser mesmo fofas como querem
Isso é bom, fico contente 
Já está mais do que na hora 
De eu meter isso na cabeça 

 Coração fora do peito
O que me foste arranjar 
Está no sorriso deles
Está na voz deles
Está no doce olhar
E eu não consigo mais 
Viver assim 
Longe de quem 
Me condenaste a amar
Todos os dias choro
Por dentro do meu ser
Nenhum deles me ama
Não para valer
E só aspiram outra vida
Sem mim a fazer parte
O que me uniu a eles
Não foi só arte
E eles um dia hão-de casar
E isso tudo irá acabar 

 "Deus queira que eu me livre deste vício deles que tanto me faz mal", pelo menos antes de morrer. 🙏🏽

terça-feira, junho 17, 2025

 Anoitece 
Tudo dorme 
Menos a distopia 
E toda a entropia 
Que existiu
E nunca some 
De dentro de nós 

sexta-feira, junho 13, 2025

Um ser amado (de-todo-dia)

 A vida trouxe-me
Família do coração 
E até de sangue 
Todos ligados a ti
Quis "o destino" ser assim
E eu celebro todos os dias
O facto de existires ainda
Mesmo que longe de mim

A soma de tudo

 Foi tudo uma série de males-entendidos, de ser levada em erro por outros e cometer um enormíssimo erro.

Sucessão de pesadelos

 Às vezes é difícil acreditar que aconteceu tudo o que tem acontecido: parece uma sucessão de pesadelos interminável que me parece ter piorado desde que me abandonaste. 

Toda a gente morreu, toda a gente continua a morrer aos magotes, em catadupa. Por todo o lado a violência impera. O mal está ainda mais flagrante, visível e sonoro. Já ninguém se preocupa. Vivem todos entre a cobardia e o ódio. Ficaram todos mesmo zombies. Todos lobotomizados. Uns anestesiados, outros a emitir grunhidos, todos estupidificados, todos robotizados, dia após dia nas suas rodinhas de hamster. Uns são imunes, outros cruéis, riem às gargalhadas: outros esbravejam, mas entraram na mesma cowboyada. 

Tu és feliz, sentes-te realizado, sabes que és amado e, no entanto, diz que não tens paz interior porque vives a querer adaptar a todos só para te amarem. Quase que tive dó de vocês os dois, ditadores vazios. 

Tudo poderia ser tão melhor verdadeiramente para todos e nem sequer é preciso nada de muito difícil assim. 

Mas ninguém quer ser melhor, senão melhor do que o outro naquilo que o outro tem. É por isso que todos os seres humanos nunca serão verdadeiramente felizes e em paz, e viverão neste infindo ciclo de pesadelos intermináveis. 

quinta-feira, junho 12, 2025

 Os meus olhos eram dele
As suas mãos eram minhas 
Os olhos dele eram meus
As minhas mãos eram suas 

Simplesmente eu era dele
Simplesmente ele era meu
E nós os dois éramos do mundo 

 O que foi que a gente fez?


(raio de amor por vocês, q foi tanto 😫)

 Confundiu-me a ternura
Um gesto teu
Agora entendo finalmente 
Como os nossos subconscientes
Se entrelaçaram tanto
E pensámos que era perseguição 
Tu repetias tudo 
Afinal eu também 
Só graças à distância 
Posso ver mais além 

Será que só te sobrou amargura 
Que não davas por mim vintém?
Será que não houve ternura
Uma doçura mais aquém?

Sei que não fui para ti nada
Do que foste tanto para mim
Mas espero que não foi tudo
Apenas dor e mágoa 
E grito mudo
E não apenas para me absolver

É tão difícil acreditar 
Que houve um amor puro
Que teve de se matar

segunda-feira, junho 09, 2025

Neste mundo

 Talvez o amor seja mesmo uma causa perdida 
Visto como coisa de pessoa ensandecida 
Tida como sensível, armada em artista
Sem os parafusos todos, sem jogar com o baralho completo 
Com o carácter demasiado correcto 
Sonhando sempre com o impossível 
Com valores superiores despertos
A liberdade, a paz, a ética, a bonomia
Não ser ganancioso e egoísta como todos
Pondo o puro amor acima dos jogos 
É, talvez o amor seja só para nós 
Os poetas, às vezes vistos como tolos 

O que é que tanto nos une?

 Sabes dizer? O que é que tanto nos liga a todo o instante, sempre, cá dentro e fora? Foi essa pandemia desgraçada, ou esse bonito desgraçado sentimento que não sai de todos nós, pelos vistos? 

Eu já desisti há muito tempo de tentar entender tanta confluência, tanta coincidência, tanta dita sincronização, tanta aflição...

Fui eu que fiz? Sou eu quem ainda faço, seja o que for, alguma coisa? Por me deixar ir naturalmente, já sem ser muito exigente, já sem ser demente, já sem controlar seja o que for?

O amor que criámos salvou um bom bocado o mundo, mas nós falhámos em entender que só ele pode nos fazer realmente sobreviver. Então morremos, cada um para o seu lado, encolhido, quase encarquilhado de não ter mais o amor - essa água - a regá-lo. 

O amor só salva quem ama verdadeiramente. Apercebi-me hoje. 
O resto fica por aí mergulhado na sua própria podridão.

domingo, junho 08, 2025

De tempos em tempos, vem de novo - embora já velha, eu e a ideia - aquela ideia de deixar de existir, normalmente patrocinada pelos mesmos algozes, mas às vezes, da maior parte, é mais por não ter remédio, não haver cura para a insuficiência suprarrenal, para a insuficiência de plaquetas, para a minha consequente insuficiência, enquanto pessoa que não se consegue salvar inclusive do stress pós-traumático complexo de uma vida vivida com pessoas que me fazem mal todos os dias ao básico das condições humanas. 

E o mundo, esse, nem é preciso dizer, como ele ajuda para a festa funesta. De modo que cá estamos outra vez. 

O que é que queres que te diga?

 Queres que te diga que te amo e que esse amor destoçou-me, rasgando-me o peito deixando-o em ferida aberta, sangrando, em todos estes anos? 

Que não houve até agora um só dia que não me viesses à cabeça, ou trocasse o nome de outro pelo teu nome na minha cabeça sem querer? 

Que vivo numa corda bamba de ora tentar enveredar por detestar-te por tudo o que me fizeste, ora amar-te com o desespero de quem te perdeu e nunca te vai ver? 

Que passo os dias a oscilar entre processos de calma e raiva? Tentando arejar, seguir em frente, porque "passado pertence a museu", porque "tudo muda", porque"tudo é ilusão", porque "eu nem sequer te conheço", porque "eu estou doente", porque "eu não tenho nada para oferecer", porque "eu ainda acredito", porque "há um amor que te vai merecer"...

Que muitas vezes ainda luto contra esta vontade de te ver, sabendo que provavelmente não és tu. Mas és, sempre foste, só tu. O meu amor de perdição, a minha danação. Esse amor que só existiu por segundos e na minha cabeça, sem nunca ter encontrado alguém que era a pessoa certa para mim. Nunca existiu ninguém, afinal, nem mesmo quando eu tinha 17 anos e o primeiro grande amor me fez querer morrer. 

"Qual é o teu tipo?", perguntou um rapaz numa série a uma rapariga. Ela respondeu um dia depois quando o viu fazer um acto heróico: "o meu tipo é como tu foste, um incrível herói" e beijou-o. 

Não há heróis na realidade, só há falsos heróis. 


sexta-feira, junho 06, 2025

Suspensos

 Ficaremos suspensos 
Como naquela imagem 
Em que flutuamos
Apoiados em nós 

E endoideço
Tudo outra vez
Só por segundos
Do teu riso

A tua voz foi salvação 
E condenação 

Iliteracia emocional

 Ninguém mais escuta

Usam emojis

Não mais se expressam

Vivem na inércia 

Dominados pela letargia

Escravos do facilitismo

A ansiedade e melancolia 

Só têm pressa

Está tudo numa avaria

Emergem uns filhos da puta

E uns filhos da outra

Dificilmente têm lugar 

Abstinência afectiva

 Depois de perder um grande amor
Fica um buraco fundo no peito 
E não há nada que o preencha
Senão uma enorme dor
E isso não é nada de direito 
Que se resolva com chá sencha 

Passa-se muito tempo relembrando
De tudo o que foi de bom e de mau
São memórias que vão chegando 
Aleatoriamente como um vau
Emergindo na seca do mar 
Fazendo-se notar

Há um remédio no entanto 
Que se aplica como tratamento 
Duradouro e a seu tempo
Se vai encontrando unguento 
Em fazer um novo tanto
De amigos, coisas e um alento

Mas a verdade ninguém esconde
Pelo menos não por muito 
Seja rei, rainha, lorde ou conde
Sofre da mesma maneira 
A humildade do penar
Mesmo não tendo esse intuito


quinta-feira, junho 05, 2025

 Alimento de amor
O peito teu
Talvez tenha causado
Uma espécie de enfarte 
A esse coração meu
Quando ouvi tua voz
Ecoar
Trespassando-me
Como eu ao te olhar
Tu
Meu
Eu 
Somente 
Sempre 
Teu 

De que tipo é o teu amor?

 Um amor ausente
Um amor negligente 
Um amor descontente
Um amor indigente
Um amor estupefaciente
Um amor insuficiente 
Um amor absorvente
Um amor subserviente 
Um amor ininteligente
Um amor renitente 
Um amor doente
Um amor inexistente 

(eu não sei, "em qual língua você passa o dente"?)
 Procuras respostas 
E eu podia pôr-te mil questões 
Só que não 
O silêncio é dourado
E a voz canto embalado
Saindo do teu peito
Aumentando a minha temperatura 

Procuro o teu olhar
Já não o teu sorriso 
Porque sei que é trocista e troçador
Meu amor, que terrorista 
Fui eu, ou depois anterior tu
Quem pior, não sei
De nós 

"Sai dessa"
"Me erra"
Qual é a nossa pior fera
Nesse "grilo brabo"
Que nos desespera?

quarta-feira, junho 04, 2025

Amor, a única certeza

 Se há alguma certeza neste mundo 
Que eu tenha 
É a de vos amar
Aos três 
A ela que não há mais bela
E a eles, esses dois irmãos 
Que me deram cabo do coração 

terça-feira, junho 03, 2025

Obrigada

 Meu amor, 

Acho que nunca cheguei a agradecer-te por me teres dado o amor que eu sempre quis: esse amor eterno que ecoa infinito desde sempre e para sempre.

Espero que quando "passar os portões do céu" a tua voz doce com esse teu sotaque seja a primeira coisa que eu escute. Talvez, quem sabe, dizendo: meu bem. 

Oiço agora os cânticos de uma voz ao longe, um canto que parece pastoral irlandês, lembro de ti, quando fizeste um canto similar mas mais grave e gutural. 

Dizem que este mês vai ser atribulado. Para ti é sempre. Para mim também um bocadinho, mas o anterior é muito pior.

Desejo que continues bem. Eu cá vou-te esperando e sonhando com um dia, quando tudo se acabar, eu te possa encontrar nesse céu.

segunda-feira, junho 02, 2025

Doidice - Djavan

 É natural
Um vendaval que passa aqui
Mais doidice ali
Ou uma seca que arrasou
Pior é não te ver agora
Aflora vícios
Claras manhãs
Ou tanto mais
Que eu possa ter
Nada quer dizer
Se o teu beijo não é meu
Cio chegando
Calor explodindo
Temores rondando o ar
E eu pensando em ti
Me apaixonei?
Talvez, pode ser
Enlouqueci?
Não sei, nunca vi
Preciso sair
Depois que descobri
Que há você
Nunca mais existi
É natural
Um vendaval que passa aqui
Mais doidice ali
Ou uma seca que arrasou
Pior é não te ver agora
Aflora vícios
Claras manhãs
Ou tanto mais
Que eu possa ter
Nada quer dizer
Se o teu beijo não é meu
Cio chegando
Calor explodindo
Temores rondando o ar
E eu pensando em ti
Me apaixonei?
Talvez, pode ser
Enlouqueci?
Não sei, nunca vi
Preciso sair
Depois que descobri
Que há você
Nunca mais existi
Me apaixonei?
Talvez, pode ser
Enlouqueci?
Não sei, nunca vi
Preciso sair
Depois que descobri
Que há você
Nunca mais existi
Cuanto más
Me olvidas
Te amo mas
Estrella, siento amor
No sé, no sé, no sé
No sé, no sé
Cuanto más
Me olvidas
Te amo mas
Estrella, siento amor
No sé, no sé, no sé
No sé, no sé

sexta-feira, maio 30, 2025

 Não posso dizer que nada existiu antes de ti

Porque existiu sim: dor e devastação 

E mesmo tu tendo te tornado em complicação 

Foste o amor que eu sempre pedi

Por isso sim, digo: que se lixe

Nunca existiu nada antes de ti

 Muito do meu cabelo é cinzento 
Assim como me vèem 
Nada para ninguém 
ou mistura congruente para alguém 
acessível, right in the middle 
e tenho um certo desespero 
que me toma por inteiro 
aos poucos deixa-me louco 
desde que não te conheci
e os acasos de conhecer outros 
que são tão próximos de ti
fazem-me ficar rouco de pensar
a gritar em surdina pelo ar
por que raio me foste assim matar
o que é esta história interminável 
e desmedida de tão agreste
o que é este amor tão celeste
por que é só contigo é que quis
flutuar? 

quinta-feira, maio 29, 2025

 Nem toda a arte é mentira que criamos para escapar à realidade; a arte é a verdade que criamos para sobrevivermos dada a realidade. 

Não sei o que passei a vida a tentar encontrar

 Às vezes, bate uma sensação de vazio de novo, especialmente depois de tentar dar-me ao mundo dos demais. Parece como a tal da solidão que só ocorre também quando estou no meio de pessoas. Hoje esses sentimentos afloraram em determinados momentos com uma certa tristeza a acompanhar. Noutros dois ou três momentos, pelo contrário, senti-me quase uma pessoa normal. 

Dei comigo a pensar em como as pessoas são tão fechadas, distantes e maldispostas, e em como eu que passei a vida toda num inferno ainda sou a pessoa dita afectuosa, atenta e aberta, ainda que às vezes mais pensativa e triste. Sei que cada um fez, ou não, o seu trabalho interno e reage à sua maneira. Mas enfim.

Não sei o passei a vida a procurar, realmente não sei. Mas sei que nunca houve nenhum momento em que tivesse certeza de que esse vazio não existia. Senão, talvez, naqueles momentos raros quando senti aquele amor todo contigo. 

Hoje entendi na totalidade a nossa antiga expressão "isso é que é bonito", porque ouvi-a (mais do que uma vez) baixinho do baianíssimo Silas e, de repente, tudo fez sentido. É como se fosse um primo do "olé". E eu pesarosamente estou com saudades dos meus primos. 


terça-feira, maio 27, 2025

 A respiração dela
Haverá algo mais íntimo?
Talvez o bater do seu coração 
Talvez a sua transpiração 
Ou se calhar só o olhar 
Não sei
Eu sou aquele 
Que nunca teve perdão 
 Fizemos o ar vibrar 
Com as palavras necessárias 
Com o silêncio do olhar 
E com as músicas raras
Da tua viola 

Os sons não eram de árias
Mas as memórias contidas
Tinham orquestras inteiras 
E tu foste o maestro delas

Quando oiço discos na vitrola
O seu soluçar bonito
Nas pistas lidas
Relembro as tuas maneiras 
E a tua presença na janela 


segunda-feira, maio 26, 2025

No País dos Grunhos

 Ontem, hoje e amanhã 
Protestos serão grunhidos 
Perto dos sonoros "golooo!"
E todos duros de ouvido 
Para os avisos do que aí vem
Com as famílias à fome
Bons cogitam serem foragidos 
E eu fico que sou um tolo
Porque sofro desde que nasci
Neste país de grunhos barrigudos 
Só eu é que (me) perdi
 Se tentas domar cavalos selvagens 
Vais sair ferido
Aliás qualquer ser selvagem 
É um perigo 
Tu sabes bem
Pensei que querias ser meu amigo 
Mas tu nunca viste isso além 
Mentiste-me 
Como tentam dar doces
Atraindo
Só para ganhar a confiança 
Também tu fizeste-me de iludido
E rapidamente fizeste-me ficar sem

sábado, maio 24, 2025

 Depois de ti
Nem os terramotos 
Nem os furacões
Alguma vez 
Me parecem 
Aflições 

A minha oliveira

 Um dia fui apaixonada por uma oliveira 
Que eu mesma fiz brotar 
De um caroço que comi
Mas quis que ela fosse livre
Dei-a a alguém que a podia pôr na terra
Quis que ela pudesse crescer
E representando a paz
Que ela pudesse irradiá-la pelo mundo
Eu tenho uma tendência fatalista
De libertar tudo o que possa
Para que possa crescer feliz
Só vi a oliveira mais duas vezes
Depois nunca mais...
(a verdade é que ela nunca foi minha
não é? já tanto faz) 

Outro tempo de canção

 Labirinto impossível 
Na cabeça entupida
De coaguladas canções 

Preferia outro tempo
Do rock e marrabenta
Uma dança pequena 

Não havia dano
Na minha mente
Eu ainda não era gente 

E quase todo o mundo 
Tinha alma de semba
Ao fim-de-semana 

sexta-feira, maio 23, 2025

 Eu nem gostava assim tanto de fado até tu teres chegado.

 Às vezes fico na dúvida se exististe mesmo ou se só foste algo onírico que se tornou num pesadelo que me deixou com stress pós-traumático.

quinta-feira, maio 22, 2025

 De tanto brincar 
Virei o palhaço do mundo 
Até que encerrei o circo
E tudo mudou

 Quando penso em ti e como foste um grande amor da minha vida, hoje em dia, já não me traz alegria, apenas a certeza de que nunca fui para ficar com alguém. 

quarta-feira, maio 21, 2025

 Um amor zarolho
Que errou o alvo
Chora sobre o leite 
e o mel
derramado
Corre em direcção 
À luz no túnel 
Sabe que é 
um combóio vindo
E que este jogo
está acabado 
 Nada do que faço 
É o que sou
Senão uns pedacitos
Que é o que restou
Do meu embaraço 
De te ter amado
Só aos pouquitos

terça-feira, maio 20, 2025

Que eu nunca esqueça

 Que eu nunca esqueça todo o mal que me fizeste e todo o sofrimento que me causaste tantas vezes, dilacerando o meu coração e destroçando o meu corpo. 

Que eu nunca esqueça quantas vezes me quiseste matar. 

Que eu nunca esqueça o quanto debochaste de mim com os teus amigos.

Que eu nunca esqueça o quanto me mentiste e enganaste. 

Que eu nunca esqueça como disseste que ias ajudar-me e depois me abandonaste. 

O pior é que isto dá para todos vocês. E eu preciso de me lembrar antes que acabe de novo a perdoar só para me fazeres a mesma coisa outra vez.

 Escreve-me uma carta de 7 páginas 
Nem uma a mais nem a menos
O mesmo número de páginas 
Que Sabino pediu a Lispector 
O número favorito do nosso tio
Um número dito divino 
O da criação 
Não na nossa religião 
Mas duração de ambos amores 
Antes de ti, meu inexistente e eterno 

"Tudo passa"

 Muitas vezes vi e ouvi "tudo passa". 

Hoje pensei depois de ter visto um poema bonito de um amigo que o tinha feito para a sua namorada da altura: "tudo passa porque as pessoas deixam passar". 

Até mesmo quando não queriam ter deixado. 

Eu, ao contrário, nunca achei que fosse bem assim como diz a frase e quase sempre acrescentava mentalmente "nem que seja com a morte". 

É que na verdade, não só por detestar "frases feitas" e o seu carácter taxativo, eu sou alguém que é acometido de males profundos desde a infância e sabe que só terão solução final. Aí, sim, terminarão. 

segunda-feira, maio 19, 2025

Não sei se alguma vez vou conseguir dar o salto. 

Decência humana

 verdade, fragilidade, ética, justiça, coragem, bonomia

Clica aqui, clica ali

 Clica aqui, clica ali
Mas não fez clique
Nem na cabeça 
Nem no coração 

Quando entenderás
Que ele é teu irmão
Que ele sente como tu
E também só quer
Uma distração?

Clica aqui, clica ali
Reencaminha o mail
Ou é melhor o link
E não te esqueças 
Podes enviar um gif
Mas não te aborreças
Se eu te enviar reels

Quando entenderás 
Que ele tem família 
Bem doida como a tua 
Que ele gosta de sol
E mais de olhar a lua
É igual a ti nisso tudo
E que a lista continua?

Clica aqui, clica ali
É só mais um anúncio 
Que nem vais reter
Mas fica no teu inconsciente 
Tudo o que te tentam vender 



 Escrevo não enigmas mas reflexões com poesia.

domingo, maio 18, 2025

Rito

 Derramada a nostalgia dos dias idos
Nas palmas das minhas mãos 
Onde apesar de tudo ser sofrido 
O amor não sentia solidão 
Elevei o meu ouvido 
Fui bater um ritmo a contramão 
Surgiu aflito um zumbido 
Não um eco nem um grito
A tua voz a dar-me um sermão 
Eu já não sei qual era o rito
Mas foste o padre p'ró meu caixão 

sábado, maio 17, 2025

Sociedade do Descompromisso *

Ama mas não diz
Nem sequer demonstra
Sente falta mas não 
É melhor a se distrair 
Força-se a esquecer
A desfocar, a empreender
Diversão mas não é feliz 
Vai brincando como fogo
Toca, queima e foge
Não prioriza ninguém 
Raramente ressurge 
Só o suficiente para ser
Visto como vivo e bem
Não se fragiliza
Não se agiliza
Para se vulnerabilizar
Há que abrir
Expor a ferida
Mas só conhece falsidade 
Falso ele é de verdade 
Mas nunca tem coragem 
Para enfrentar a saudade 

*título inspirado pela nova música cinematográfica do jovem músico brasileiro Zé Ibarra, "Transe", sobre 'ghosting'. 
 e eu que quis tudo
e não tive nada
agarrei-me à madrugada 
porque dormir
era ter pesadelos com o nada
e com tudo de horrível 
a me alcançar 
 Tanto ele é como eu
Como eu sou como ele
Sol e lua
Conforme

 arghhh, ainda estás nas minhas veias 😐😩💔🤦🏽🤷🏽

Lua, lua, lua

 Há quem queira pisar na Lua
E há quem já se sinta dela.

Lua

 É verdade
Briguei contigo de novo
Fizeste-me de tolo
Enchendo-me de saudade
Só para eu não deixar de amar

Eu só queria a minha liberdade 
Gostei mas não gostei de gostar
Já devia saber com esta idade
Que quem ama acaba-se a se danar
Ó vilã que nos viste os tempos
Ó malvada atração brilhante 
Tu que brincas com os sentimentos 
E só estás plena num instante 

Há-de haver o dia em que te esquecerei
Vais ver, hei-de conseguir, tanto lutei

Entretanto tu vais rindo
Com esse teu riso de Cheshire 
Que sempre acaba por seduzir
A verdade verdadeira 
É que nunca pude fugir

Porque todo ele é lindo
Todo o tempo, dia inteiro 
Para não falar da noite
Cada riso é um açoite 
Eu que só o quis verdadeiro 
Vê-lo feliz é o melhor do mundo 


sexta-feira, maio 16, 2025

 'q estranha forma de vida tem este meu coração', 'por uma lágrima tua me deixaria matar' 

canto para não morrer cá dentro 

aguentas tocar aquela memória, nem é com as pontas dos dedos sequer, é com o olhar quase lá? 

eu, cada vez que caio nesse gesto, quase desmorono. tudo outra vez. quase. 

 iconoclasta até de mim que não sou nenhum ícone. abaixo a monarquia, longa vida aos vagabundos charlot.

 no dia em que eu parar 
de ter o ímpeto 
de ir à janela olhar
para ver se está lá 
a lua
quando me lembro 
de nós 
é o dia em que estarei
integralmente 
livre de ti

quinta-feira, maio 15, 2025

Premissa básica da crença

 Acreditar implica à partida haver algo que não existe e, daí, a necessidade da crença. 

 O chão que tu pisas
 já foi água 
já foi lava
os braços onde te abrigas
são nada
pois tu já me tiveste
de todas as formas 
quando ela pôs o vestido azul
e foi a um casamento sem ti
quando ela mandou em ti
e tu apenas te riste
quando outros olhavam-na
e logo disfarçavam
e tu apenas viste
mas a verdade é que 
eu nunca fui nenhuma delas
nem sou assim
nem nunca serei