quinta-feira, outubro 05, 2017
Como é que se regressa à vida?
Como é que se regressa à vida, depois de vermos tudo ruir?
Não somos um bebé que começa a aprender tudo do nada. Trazemos memórias de fruta fresca no regaço, trazemos memórias de trovões que fustigaram toda a Terra no horizonte. Chegamos de mãos vazias e olhar fixo numa imagem devastadora que nunca parece largar a mente.
Dizes-me que não se recupera do irrecuperável, quando eu alto formulo retoricamente esse pensamento, mas (logos dixit) e se o tornarmos recuperável, se nos batermos até sangrarmos de novo para voltarmos a recuperar o controlo, e enchermos os destroços com uma intensidade semelhante que os assoberba de amor?
Será utopia pensar que é possível, será presunção almejar o que nos parece impossível e o que dá muito trabalho, porque pensamos que não temos dentro de nós essa força, esse querer, e que não teremos entre nós essa capacidade?
Só sei que a cada abraço teu tudo parece muito melhor.
18.06.2017
segunda-feira, setembro 04, 2017
sábado, agosto 05, 2017
O que dirias se visses o corpo a nu, por detrás das transparências: a limpidez das várias cicatrizes e a sujidade dos poucos sinais?
Bebeste da minha alma: o carinho entre-dedos, o teu semblante de poeta do romantismo e, eu, brincava com a tua face num mundo ao contrário. Tu sorrias, sempre. Eu a amar-te cada vez mais, sem dar por isso.
Tenho saudades
de quem não sei quem és
e do que foste só para mim.
Todas as auroras têm a melancolia da ternura que nos tocou
e o cheiro do orvalho trémulo invade-me como o teu abraçar
que tanto queria de novo em mim.
segunda-feira, julho 31, 2017
sábado, julho 15, 2017
Saudades das tuas singularidades
Escreves muitos "a" sem "h"
E enquanto te leio falta-me sentir o teu sorriso a olhar para mim,
E toda a minha vida percorrida pelos teus dedos,
E até o teu som de estalar o corpo,
Como se sente nostalgia de ouvir o som que a antiga casa fazia;
O teu corpo esquálido de alabastro, o perfeito abrigo para o meu corpo aranhiço;
A tua vida a palpitar na calma excitação, essa ternura tranquila, que não se mede pelas palmas das nossas mãos;
O teu tacto e polidez a cada frase minha, quase como resposta biológica;
São singularidades que me vêm à memória e de que sinto falta no ruído da madrugada, para silenciar a minha mente e sossegar o meu coração.
segunda-feira, julho 03, 2017
O naturalismo dos Homens
Não falemos das plantas masculinas nem das plantas femininas,
Mas é sabido que todos preferem o corpo à mente com todos os seus tropismos.
As raizes ramificam-se e são super funcionais no que é superficial.
A fisiologia dos seres cuja função derradeira é a de se duplicarem apenas por uma questão narcísica de sobrevivência espalham-se pela terra.
Esta é a biologia e antropologia dos seres, que durante séculos maravilha os seus estudiosos. O mundo natural no seu primor e primordial significado.
mens insana in corpore insano
Nesta existência lentamente se degrada e se degenera
Nem sequer cumprindo a função de ser húmus para a terra
O corpo é cadaverizado em vida
E a morte já vem tarde para a recolha
Não falemos do espírito, da alma, da mente, pois esses nunca chegam a ser algum dia integrais,
Unos e sãos, completos na sua essência.
domingo, julho 02, 2017
Afogas-te nas memórias diluídas
Tal como eu embarco nelas...
Faltou-me saber reconhecer a verdade
Parar com os textos repetidos
E começar por admitir a vontade
É sempre tarde quando te apercebes
É sempre impossível quando não consegues
E acabas por ficar apenas com a maresia
de uma vida por viver
Os redemoinhos de repetições
Sucedem-se implacáveis
Nunca varrendo a inutilidade
E a vacuidade que cega,
Mantendo-nos sempre na escuridão
Eu esforcei-me demasiado
Fui contra a corrente
Qual eterna rebelde
Mas descobrindo o niilismo da vida
Como e por quê continuar
Em décadas sucessivas de naufrágio?
Habitas a minha insónia como um inquilino permanente
E na escuridão da noite és tu quem trazes a aurora a pouco e pouco
E a vertes sobre mim em sorrisos que nunca existiram antes de nós os dois
Das janelas das nossas mentes vemos os vôos infinitos dos nossos sonhos
E por instantes tudo é mais belo do que o mundo
As nossas mãos unem-se tão completamente que parecemos gémeos siameses no bater do coração sincronizado
E a vida torna-se uma possibilidade pela primeira vez
...
Entretanto desperto do sonho.
Foi tão imensurável a intimidade que aprofundaram numa só madrugada, que lhes valeu vidas inteiras que nunca viveriam.
A entidade que é a impossibilidade esteve sempre à espreita,
Tornando aquela mais bela felicidade em terna tristeza.
O silêncio antes da palavra dita
É igual ao instante anterior ao beijo?
quarta-feira, junho 21, 2017
Gostava que fosses eterno
e que o teu infinito cobrisse a Terra
como um manto de propagação da tua arte
Gostava que o teu cérebro te permitisse o sentir e o expressar livremente
e que eu, em vez, me tivesse demorado mais no teu abraço e no teu toque
e nunca largasse a extensão da palma da tua mão.
Gostava que o teu sorriso perdurasse para sempre e a verdade da felicidade te fosse alcançável.
Desejos egoístas?
Para a Andreia
Cílios que dormitam e em REM se arrepiam,
Cabelos longos escuros que ensaiam danças
Ela anda pelas ruas que trilha
Como mapas de tesouros para crianças
E no seu sorriso cabe mais doçura do que num pote de mel
Conhecê-la seria sempre aventura
Se o destino não fosse cruel
Mas nada importa quando se está ao lado dela
Pois é uma bela guerreira que torna a vida amarela :)
quinta-feira, junho 08, 2017
sábado, junho 03, 2017
terça-feira, maio 30, 2017
Procurava a esperança como os girassóis procuram a luz do sol,
agarrava-me à racionalidade como os cactos a armazenar água,
buscava a paz como as andorinhas um seu ninho
e toda a vida, no dia-a-dia,
contava as felicidades alheias como quem conta pétalas bem-me-quer.
Porque é necessária a beleza para suplantar a fealdade do mundo
e urgente a humanidade da natureza que salva cada árvore e cada ser,
olhava sequiosa em volta para me abastecer dessas pérolas
e lutar contra esse mundo ruidoso e ruinoso
de stress, de desejo de satisfação imediata,
e todos esses vícios acumulados da insatisfação perpétua e frustração
que a fugacidade do frenético causa.
Um dia já não será preciso procurar:
só escutarei o chilrear dos pássaros e o mar.
agarrava-me à racionalidade como os cactos a armazenar água,
buscava a paz como as andorinhas um seu ninho
e toda a vida, no dia-a-dia,
contava as felicidades alheias como quem conta pétalas bem-me-quer.
Porque é necessária a beleza para suplantar a fealdade do mundo
e urgente a humanidade da natureza que salva cada árvore e cada ser,
olhava sequiosa em volta para me abastecer dessas pérolas
e lutar contra esse mundo ruidoso e ruinoso
de stress, de desejo de satisfação imediata,
e todos esses vícios acumulados da insatisfação perpétua e frustração
que a fugacidade do frenético causa.
Um dia já não será preciso procurar:
só escutarei o chilrear dos pássaros e o mar.
segunda-feira, maio 29, 2017
Antigamente não se ouviam tantos pássaros lá fora, nem as aranhas tinham abdómenes tão grandes a tecerem seda que mais parece cotão de tão grossa...
Havia mais meses em que chovia, eram dias a fio e caminhos alagados, nada era tão bafiento e sem se ver o céu azul ou totalmente cinzento escuro.
Agora é como se vivêssemos em permanente efeito de estufa.
Havia mais meses em que chovia, eram dias a fio e caminhos alagados, nada era tão bafiento e sem se ver o céu azul ou totalmente cinzento escuro.
Agora é como se vivêssemos em permanente efeito de estufa.
Quando o amor está morto...
Quando o amor está morto faz-se a autópsia das memórias:
todas as referências que se guarda dele
todos os momentos
todos os pormenores
palpados com as pontas dos dedos
em perscrutação dos tumores.
Do cemitério ao luto tudo se enegrece em vestes de dor
um abraço contínuo como se tentasse aplacar
ou mesmo estancar
tudo o que vaza do buraco no peito.
A vida continua, lá está,
como grande insulto e ofensa
para nossa maior indignação
pois o céu continua a ser azul
e o sol continua a brilhar.
É simples, mas o enterro é demorado,
tanto quanto uma via sacra
por uma paixão de um cristo
E a música fúnebre entra em loop na mente.
Não te esqueças de quantas vezes te amaram
e de quantas vezes amaste também.
todas as referências que se guarda dele
todos os momentos
todos os pormenores
palpados com as pontas dos dedos
em perscrutação dos tumores.
Do cemitério ao luto tudo se enegrece em vestes de dor
um abraço contínuo como se tentasse aplacar
ou mesmo estancar
tudo o que vaza do buraco no peito.
A vida continua, lá está,
como grande insulto e ofensa
para nossa maior indignação
pois o céu continua a ser azul
e o sol continua a brilhar.
É simples, mas o enterro é demorado,
tanto quanto uma via sacra
por uma paixão de um cristo
E a música fúnebre entra em loop na mente.
Não te esqueças de quantas vezes te amaram
e de quantas vezes amaste também.
sexta-feira, maio 26, 2017
segunda-feira, maio 22, 2017
AutoCineTeatrologia
O actor é um mentiroso
Mente tão absolutamente
que chega a mentir que é outrem
na alteridade que deveras sente.
E os que vêem o que ele mente
Na alteridade actuada sentem bem
Não as duas que ele teve
Mas só as que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
[adaptação de Autopsicografia de Fernando Pessoa]
Mente tão absolutamente
que chega a mentir que é outrem
na alteridade que deveras sente.
E os que vêem o que ele mente
Na alteridade actuada sentem bem
Não as duas que ele teve
Mas só as que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
[adaptação de Autopsicografia de Fernando Pessoa]
Olhos de veludo
verde da mesa de bilhar
Rosto de estrutura óssea perfeita
renascentista
Um Paul Newman agora e sempre
Sorriso matreiro e olhar profundo
Ele chega, entra na sala a brilhar
Silencia-se: o mundo inteiro escuta-o
Imobiliza-se: o mundo inteiro fixa-o.
*long time due, João/Giovanni Baptista inspired.
verde da mesa de bilhar
Rosto de estrutura óssea perfeita
renascentista
Um Paul Newman agora e sempre
Sorriso matreiro e olhar profundo
Ele chega, entra na sala a brilhar
Silencia-se: o mundo inteiro escuta-o
Imobiliza-se: o mundo inteiro fixa-o.
*long time due, João/Giovanni Baptista inspired.
O que sou eu senão apenas "poeta" de bravo povo
que deu mundos ao mundo
E que se viu cumprir em madrugadas
e crescer com auroras imensas?
Porque dizem os ditados:
depois da tempestade vem a bonança
e a esperança é a última a morrer,
deixamos de lado de vez em vez
o fado de quem viu o mar tudo levar.
E eu, de toda uma vida vagabundo das palavras,
claramente como sempre destinado
ao esquecimento na paz do fim.
que deu mundos ao mundo
E que se viu cumprir em madrugadas
e crescer com auroras imensas?
Porque dizem os ditados:
depois da tempestade vem a bonança
e a esperança é a última a morrer,
deixamos de lado de vez em vez
o fado de quem viu o mar tudo levar.
E eu, de toda uma vida vagabundo das palavras,
claramente como sempre destinado
ao esquecimento na paz do fim.
sábado, maio 20, 2017
Memórias de amiga
Num dia, uma amiga perguntou-me como é que se sabe quando é o tal.
Hoje, passada uma década, voltei a lembrar-me da questão porque pensei que a resposta seria: "quando ele é tudo e mais ainda".
Hoje, passada uma década, voltei a lembrar-me da questão porque pensei que a resposta seria: "quando ele é tudo e mais ainda".
segunda-feira, maio 15, 2017
Vestida de azul-noite (Sílvia Perez Cruz)
Sonho,
Avisto-a ao longe, com os seus cabelos ondulando
Como o mar nos embala a vista e nos seduz,
Mas profundos castanhos caracóis longos,
De quem amou e perdeu e continuou a amar.
Vestida sempre com belos vestidos esvoaçantes,
iluminada pela lua sempre cheia de rubor ao vê-la,
porque ela canta até ao céu estrelado e fala com ela,
envolta nos seus vestidos sedosos de cintura-império;
essas são as vestes da noite mais perfeita ao luar.
O prateado do reflexo do olhar,
o dourado da voz a soar,
com o seu mágico trinado de llorona que ri,
ela é a sereia cujos cânticos penetram
na alma de cada homem e mulher
que ficam melhores seres depois de a escutar.
O mundo é graças a ela mais belo
e, por instantes, em vez do manto negro da noite
o universo fica da cor do seu vestido azul-noite
com milhões de estrelas a nos sorrir.
[escrevi este poema inspirada na mais bela intérprete, Sílvia Pérez Cruz]
#silviaperezcruz
Avisto-a ao longe, com os seus cabelos ondulando
Como o mar nos embala a vista e nos seduz,
Mas profundos castanhos caracóis longos,
De quem amou e perdeu e continuou a amar.
Vestida sempre com belos vestidos esvoaçantes,
iluminada pela lua sempre cheia de rubor ao vê-la,
porque ela canta até ao céu estrelado e fala com ela,
envolta nos seus vestidos sedosos de cintura-império;
essas são as vestes da noite mais perfeita ao luar.
O prateado do reflexo do olhar,
o dourado da voz a soar,
com o seu mágico trinado de llorona que ri,
ela é a sereia cujos cânticos penetram
na alma de cada homem e mulher
que ficam melhores seres depois de a escutar.
O mundo é graças a ela mais belo
e, por instantes, em vez do manto negro da noite
o universo fica da cor do seu vestido azul-noite
com milhões de estrelas a nos sorrir.
[escrevi este poema inspirada na mais bela intérprete, Sílvia Pérez Cruz]
#silviaperezcruz
"No one knows"
Os teus passos que eu oiço não têm mais rosto
E os meus olhos já não têm mais cara
"Depois dá notícias" é o breve,
quase sussurrado, apelo na despedida,
e que muitas vezes encontra a resposta em
"Depois combinamos",
com símile vacuidade de resultados.
"Mande notícias do outro lado do mundo, diz quem fica",
volta e meia dança nostalgicamente no pensamento.
Não vejo mais nada senão tudo o que há no mundo
que não és tu,
mas o mundo inteiro cabe em ti,
com todos os seus detalhes,
e por isso encontro-te sempre que te perco.
Sentimos "Everytime we say goodbye I die a little"
numa década como todas aquelas décadas em que o verdadeiro amor era clamado
e de tantas vezes morrer, como fénix, foi ficando imortalizado.
E os meus olhos já não têm mais cara
"Depois dá notícias" é o breve,
quase sussurrado, apelo na despedida,
e que muitas vezes encontra a resposta em
"Depois combinamos",
com símile vacuidade de resultados.
"Mande notícias do outro lado do mundo, diz quem fica",
volta e meia dança nostalgicamente no pensamento.
Não vejo mais nada senão tudo o que há no mundo
que não és tu,
mas o mundo inteiro cabe em ti,
com todos os seus detalhes,
e por isso encontro-te sempre que te perco.
Sentimos "Everytime we say goodbye I die a little"
numa década como todas aquelas décadas em que o verdadeiro amor era clamado
e de tantas vezes morrer, como fénix, foi ficando imortalizado.
segunda-feira, maio 01, 2017
O elogio do tal rapaz lusitano
O mundo não é maravilhoso como quando se canta,
nem tanto o mundo das pessoas é tão fascinante como se conta
e há as que têm um mundo por dentro e as que têm um universo,
mas mesmo assim não é tudo belo só por ser complexo.
O salvador* é quem nos traz esse outro lado inesperado,
que nos embala a vista com ternuras tristes
em notas flutuantes que emite como quem inebria,
tal qual as sereias que atraíram tantos marinheiros
transportando na voz promessas de felicidade eterna.
E o mundo fica belo quando se ouve o divino silêncio
e a vida fica mais suportável, esquece-se o inevitável fim,
tudo isto porque alguém dá a sua vida até ao último sopro
para que se tenha direito a vislumbrar essa espécie de nirvana.
Se Camões e Pessoa se juntassem para urdir poemas
para serem cantados com belas melodias a acompanhar
certamente esse seria o rapaz lusitano sem dilemas,
que iria sempre em frente, genuíno, já a ganhar.
* Salvador Sobral, o rapaz mágico e prolífico da Música, que leva a canção e toda a alma portuguesa para espalhar o amor pela Europa no Festival da Eurovisão - singela homenagem, neste mês de Maio, em que evento se aproxima :)
nem tanto o mundo das pessoas é tão fascinante como se conta
e há as que têm um mundo por dentro e as que têm um universo,
mas mesmo assim não é tudo belo só por ser complexo.
O salvador* é quem nos traz esse outro lado inesperado,
que nos embala a vista com ternuras tristes
em notas flutuantes que emite como quem inebria,
tal qual as sereias que atraíram tantos marinheiros
transportando na voz promessas de felicidade eterna.
E o mundo fica belo quando se ouve o divino silêncio
e a vida fica mais suportável, esquece-se o inevitável fim,
tudo isto porque alguém dá a sua vida até ao último sopro
para que se tenha direito a vislumbrar essa espécie de nirvana.
Se Camões e Pessoa se juntassem para urdir poemas
para serem cantados com belas melodias a acompanhar
certamente esse seria o rapaz lusitano sem dilemas,
que iria sempre em frente, genuíno, já a ganhar.
* Salvador Sobral, o rapaz mágico e prolífico da Música, que leva a canção e toda a alma portuguesa para espalhar o amor pela Europa no Festival da Eurovisão - singela homenagem, neste mês de Maio, em que evento se aproxima :)
terça-feira, abril 25, 2017
"Vinte e cincos de Abris"
Eternamente, o ser humano sempre esperará este dia
Vigilantemente, cada um com a vigilância da alegria,
o primordial dia da liberdade e da luta a que compelia,
porque diariamente pela amargura e censura sofria.
O jugo da ganância do homem em cima dos homens,
a ambição do poder e a sua cegueira cruel,
todo um desfile de vontades desumanas,
faz com que este dia nunca se cumpra
e o povo, geração após geração, continue a luta.
Houve aquela madrugada de raiar de luz sobre as trevas,
mas como uma ilusória e fantástica realização cinematográfica,
com o passar dos anos verificou-se ser os efeitos de fumaça
para encobrir o parto de milhares de pequenos tiranos.
Dos "vinte e cincos de Abris" rezará a perpétua História
como o dia em que sempre se recorda um ensaio de liberdade.
Vigilantemente, cada um com a vigilância da alegria,
o primordial dia da liberdade e da luta a que compelia,
porque diariamente pela amargura e censura sofria.
O jugo da ganância do homem em cima dos homens,
a ambição do poder e a sua cegueira cruel,
todo um desfile de vontades desumanas,
faz com que este dia nunca se cumpra
e o povo, geração após geração, continue a luta.
Houve aquela madrugada de raiar de luz sobre as trevas,
mas como uma ilusória e fantástica realização cinematográfica,
com o passar dos anos verificou-se ser os efeitos de fumaça
para encobrir o parto de milhares de pequenos tiranos.
Dos "vinte e cincos de Abris" rezará a perpétua História
como o dia em que sempre se recorda um ensaio de liberdade.
segunda-feira, abril 17, 2017
sexta-feira, abril 14, 2017
quarta-feira, abril 12, 2017
Exaustão da Palavra
Há a palavra dita e há a palavra cantada,
há a palavra escrita e há a palavra apagada,
há a palavra lida e há a palavra sussurrada,
há a palavra contida e há a palavra pintada,
há a palavra silenciada e há a palavra gritada,
há a palavra pensada e há a palavra clamada,
há a palavra omitida e há a palavra codificada,
há a palavra emitida e há a palavra enviada,
há a palavra relida e há a palavra ditada
há a palavra repetida e há a palavra esgotada.
há a palavra escrita e há a palavra apagada,
há a palavra lida e há a palavra sussurrada,
há a palavra contida e há a palavra pintada,
há a palavra silenciada e há a palavra gritada,
há a palavra pensada e há a palavra clamada,
há a palavra omitida e há a palavra codificada,
há a palavra emitida e há a palavra enviada,
há a palavra relida e há a palavra ditada
há a palavra repetida e há a palavra esgotada.
Na verdade, somos milhares, não nascemos um só ser. Somos todas as vezes que o coração se partiu e todas as vezes que ele sorriu; somos todas as vezes que renascemos e todas as vezes que a vida reescrevemos.
E o tempo implacável faz-nos descobrir, como pintores, cada vez mais sobre a sombra e as luzes e como utilizá-las. E, se como dizem, "nascemos, depois morremos e pelo meio temos de nos distrair para não pensar nisso", eu não tenho brilhado em não pensar nesse facto inevitável.
E o tempo implacável faz-nos descobrir, como pintores, cada vez mais sobre a sombra e as luzes e como utilizá-las. E, se como dizem, "nascemos, depois morremos e pelo meio temos de nos distrair para não pensar nisso", eu não tenho brilhado em não pensar nesse facto inevitável.
Do tempo da música.
Ao contrário do que se diz, a música não tem uma época. A boa música dura para sempre; é intemporal; é como a boa comida que quando é boa, passam-se os anos e ela continua boa.
Daí o generation gap em termos culturais ser uma ilusão, porque aquilo que é bom é suposto durar e atravessar gerações...
Daí o generation gap em termos culturais ser uma ilusão, porque aquilo que é bom é suposto durar e atravessar gerações...
quarta-feira, abril 05, 2017
Perder palavras.
Como num sussurro se vão escapando
as palavras da minha mente
e já não sei se vou lembrando
o que o coração tanto sente
No cérebro, no corpo, na dita alma
que é cada vez mais inexistente
começa a língua a perder a calma
e o ânimo decresce descontente
Nada nem ninguém é obrigado a dizer
o que já não se lembra não mente
e o que recorda fá-lo sofrer
De noite e de dia tudo diminui
qualquer ritmo frenético que entre
enluto-me pelas palavras e tudo rui.
as palavras da minha mente
e já não sei se vou lembrando
o que o coração tanto sente
No cérebro, no corpo, na dita alma
que é cada vez mais inexistente
começa a língua a perder a calma
e o ânimo decresce descontente
Nada nem ninguém é obrigado a dizer
o que já não se lembra não mente
e o que recorda fá-lo sofrer
De noite e de dia tudo diminui
qualquer ritmo frenético que entre
enluto-me pelas palavras e tudo rui.
quinta-feira, março 30, 2017
Ela não sou eu.
Ela acordou na minha cama
enquanto o mundo inteiro dormia
e eu sei que não era um sonho
porque belisquei-a e ouvi-a gritar.
Não sei o que é que ela estava lá a fazer,
por que raio apareceu lá estendida
como se estivesse deitada na sua cama
e aqueles fossem os seus lençóis e almofada.
Perguntei-lhe o nome e ela não soube responder,
enquanto esfregava os olhos meio ensonada
com os cabelos despenteados a tapar-lhe a cara
também eu não lhe via o rosto o suficiente.
Quando ela finalmente afastou os cabelos da cara
pude ver que ela era igual a mim tal e qual
como se tivessem feito uma cópia de mim
e depositado na minha própria cama.
enquanto o mundo inteiro dormia
e eu sei que não era um sonho
porque belisquei-a e ouvi-a gritar.
Não sei o que é que ela estava lá a fazer,
por que raio apareceu lá estendida
como se estivesse deitada na sua cama
e aqueles fossem os seus lençóis e almofada.
Perguntei-lhe o nome e ela não soube responder,
enquanto esfregava os olhos meio ensonada
com os cabelos despenteados a tapar-lhe a cara
também eu não lhe via o rosto o suficiente.
Quando ela finalmente afastou os cabelos da cara
pude ver que ela era igual a mim tal e qual
como se tivessem feito uma cópia de mim
e depositado na minha própria cama.
segunda-feira, março 27, 2017
As pessoas fazem com que aos poucos tenhamos que matar pequenos pedaços de nós, que alvejamos com balas de pressão de ar, que fazem buracos, passado algum tempo cicatrizam, ficando só buraquinhos que se parecem com os de ratinhos que comem queijo, como memórias do cérebro.
Mas, como alguém disse, nunca houve alguém que fosse mau e se transformasse em bom e por isso também uma pessoa boa não conseguirá transformar-se em má.
Mas, como alguém disse, nunca houve alguém que fosse mau e se transformasse em bom e por isso também uma pessoa boa não conseguirá transformar-se em má.
Na palidez do Homem (Jogo)
Os homens pálidos são sensíveis,
têm os sentimentos à flor da pele
Os homens morenos são insensíveis,
são os machos latinos, mais racionais
As mulheres pálidas são mais insensíveis,
fazem os seus jogos egoístas
As mulheres morenas são sensíveis,
são as mulheres quentes no coração
têm os sentimentos à flor da pele
Os homens morenos são insensíveis,
são os machos latinos, mais racionais
As mulheres pálidas são mais insensíveis,
fazem os seus jogos egoístas
As mulheres morenas são sensíveis,
são as mulheres quentes no coração
Efemérides e Epitáfios
Hoje é dia de festa, cantam-se os teus anos, uma salva de palmas, blábláblá, ...
(a todos os que já partiram e às pessoas que se lembram dos seus anos)
(a todos os que já partiram e às pessoas que se lembram dos seus anos)
Fundamentalismo à parte...
Triste de quem, fundamentalista, só vê o preto e o branco, pois perde a beleza de cada única cor do espectro de luz.
Classificação de Pessoas como Doces (Estudo)
Pessoas-M&M = Medíocres & Mesquinhas
Pessoas-Bola-de-Berlim : Pessoas com uma barriguinha proeminente, que até parecem alemãs :D
Pessoas-Pastel-de-Nata : Pessoas que até parecem simples, mas que andam sempre com cara de quem lhes cheira a queimado
Pessoas-Marshmellows : Pessoas fofinhas por dentro e por fora
Pessoas-Caramelo : Pessoas que não desgrudam, de tão doces, de tão peganhentas
Pessoas-Pintarolas : Pessoas que se vestem de forma muito garrida
Pessoas-Pudim : Pessoas que são muito moles por dentro
Pessoas-Torrão-de-Alicante : Pessoas que são muito duras, ossos duros de roer
Pessoas-Gelatina : Pessoas que tremem, tremem, mas nunca desabam
Pessoas-Bombocas : Pessoas que são rijas por fora e moles por dentro
Pessoas-Gelado : Pessoas que não passam cartão a ninguém, mas quando se deixam tocar derretem
Pessoas-Sugus : Pessoas que se deixam sugar até não haver mais nada
Pessoas-Gomas : Pessoas muito doces, que até dão dores de dentes
Pessoas-Pastilha-Elástica : Pessoas muito flexíveis, que se esticam, esticam e voltam à mesma forma
Pessoas-Bola-de-Berlim : Pessoas com uma barriguinha proeminente, que até parecem alemãs :D
Pessoas-Pastel-de-Nata : Pessoas que até parecem simples, mas que andam sempre com cara de quem lhes cheira a queimado
Pessoas-Marshmellows : Pessoas fofinhas por dentro e por fora
Pessoas-Caramelo : Pessoas que não desgrudam, de tão doces, de tão peganhentas
Pessoas-Pintarolas : Pessoas que se vestem de forma muito garrida
Pessoas-Pudim : Pessoas que são muito moles por dentro
Pessoas-Torrão-de-Alicante : Pessoas que são muito duras, ossos duros de roer
Pessoas-Gelatina : Pessoas que tremem, tremem, mas nunca desabam
Pessoas-Bombocas : Pessoas que são rijas por fora e moles por dentro
Pessoas-Gelado : Pessoas que não passam cartão a ninguém, mas quando se deixam tocar derretem
Pessoas-Sugus : Pessoas que se deixam sugar até não haver mais nada
Pessoas-Gomas : Pessoas muito doces, que até dão dores de dentes
Pessoas-Pastilha-Elástica : Pessoas muito flexíveis, que se esticam, esticam e voltam à mesma forma
sexta-feira, março 24, 2017
quarta-feira, março 22, 2017
Todos os poemas perdidos nas insónias.
Volta e meia
Escapam-se poemas
Nas madrugadas azuis.
Até hoje e na vida inteira
Escapam-se centenas
e acho que deve haver um lugar muito espectacular,
onde todos eles se encontram
e convivem na mais delirante festa.
A terra dos poemas perdidos
que se chegaram a encontrar
porque se juntaram a mais como eles,
Que terra feliz, cheia de diversidade
e sons e palavras e desejos e rumos,
todos tão díspares, todos tão incrivelmente geniais.
Eu tenho pena de não poder viajar até lá.
Escapam-se poemas
Nas madrugadas azuis.
Até hoje e na vida inteira
Escapam-se centenas
e acho que deve haver um lugar muito espectacular,
onde todos eles se encontram
e convivem na mais delirante festa.
A terra dos poemas perdidos
que se chegaram a encontrar
porque se juntaram a mais como eles,
Que terra feliz, cheia de diversidade
e sons e palavras e desejos e rumos,
todos tão díspares, todos tão incrivelmente geniais.
Eu tenho pena de não poder viajar até lá.
quarta-feira, março 15, 2017
domingo, fevereiro 26, 2017
Lisboa
Lisboa é um amor de verdade,
não nos mente, não nos desilude
É a mais bela das meninas-mulheres
Com os seus cabelos estendidos ao luar
ondulando no rio
Os pontilhados de laranja-tijolo do seu vestido
e a sua maquilhagem garrida na noite,
pelas ruas mais estreitas
cheias de sedução,
Lisboa-independente, lisboa-adulta, lisboa-vivida
não nos mente, não nos desilude
É a mais bela das meninas-mulheres
Com os seus cabelos estendidos ao luar
ondulando no rio
Os pontilhados de laranja-tijolo do seu vestido
e a sua maquilhagem garrida na noite,
pelas ruas mais estreitas
cheias de sedução,
Lisboa-independente, lisboa-adulta, lisboa-vivida
e ainda e sempre a criança que brinca à beira-rio.
quarta-feira, fevereiro 22, 2017
A estranha sensação
Como se chama quando falas e o que dizes não te impacta absolutamente nada? Que fenómeno é este? As palavras saem corridas e até fortes da boca como sempre, mas agora já nada querem dizer porque não as sentes, nem sequer uma letra, uma nota, um gotejar da alma, nada, absolutamente nada.
Esta sensação de não haver sensação e que é diferente de tudo o que já sentiste ou experienciaste, pois não lhe encontras qualquer ponte com anedonia, apatia, indiferença, nada. No entanto sabes que não é mentira o que dizes, mas simplesmente não o sentes e parece que estás a mentir ao dizê-lo. Não é também um desconvencimento ou falta de vontade para o dizer, mas antes um sentir que não valia de nada dizê-lo.
Estranho. Muito estranho.
Quando há algo de novo é porque algo mudou, mas tão subrepticiamente terá sido que não se apercebera? E só agora assim se revela? Talvez.
terça-feira, janeiro 17, 2017
segunda-feira, janeiro 16, 2017
nonsense is real sense
A fragilidade do traço,
não do teu rosto, mas do que traças nessa tarde de vazio...
O abandono e o frio,
chegam de mansinho na neblina que cobre as árvores
e vai abafando os chilreios dos melros.
Ao fim e ao cabo, também não faz mal estares só,
todos te abandonarem, um a um,
como quem sai da máquina de lavar carros,
até porque na realidade
a verdade
é que não precisas de ninguém (quando)
pois ninguém pode impedir que a morte chegue.
não do teu rosto, mas do que traças nessa tarde de vazio...
O abandono e o frio,
chegam de mansinho na neblina que cobre as árvores
e vai abafando os chilreios dos melros.
Ao fim e ao cabo, também não faz mal estares só,
todos te abandonarem, um a um,
como quem sai da máquina de lavar carros,
até porque na realidade
a verdade
é que não precisas de ninguém (quando)
pois ninguém pode impedir que a morte chegue.
Mulher desabitada
Na noite mais anoitecida, que até entrava na madrugada vazia...
encontrei a mulher desabitada
com as unhas que roem os nervos, pensando no teatro do amor.
Ela disse-me profundamente e muito rápido:
não sei mais quem sou, não sou mais quem fui,
nem o que alguma vez pretendi ser.
sei apenas que sou racional, demasiado, diriam.
mas a razão que em mim persiste é tão seca
e ao mesmo tempo tão fervilhante
quanto a vida no deserto,
que não vemos a olho nu.
encontrei a mulher desabitada
com as unhas que roem os nervos, pensando no teatro do amor.
Ela disse-me profundamente e muito rápido:
não sei mais quem sou, não sou mais quem fui,
nem o que alguma vez pretendi ser.
sei apenas que sou racional, demasiado, diriam.
mas a razão que em mim persiste é tão seca
e ao mesmo tempo tão fervilhante
quanto a vida no deserto,
que não vemos a olho nu.
terça-feira, janeiro 10, 2017
O fotógrafo dos suicídios
O fotógrafo dos suicídios tirou um dia de folga, veio passear beira-rio e viu a paisagem turva e com mil riscos de vozes na tela urbana.
Parar foi viver. Girar os olhos em torno para acompanhar os movimentos sobre rodas. Andar pé ante pé nas poças de uma maresia inexistente, vinda do rio, como sonho que não se tornou realidade.
Parar foi viver. Girar os olhos em torno para acompanhar os movimentos sobre rodas. Andar pé ante pé nas poças de uma maresia inexistente, vinda do rio, como sonho que não se tornou realidade.
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